"Penso que não há necessidade de sair. Temos de combater a atitude inaceitável e absolutamente partidária a partir do interior [da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura -- UNESCO]", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, numa entrevista à Kultura TV.
"Estamos a pedir informações. O secretariado não tem o direito de nos deixar sem resposta porque somos um país membro. Quando tivermos as respostas, torná-las-emos públicas", afirmou
Para Lavrov, a agência da ONU tem uma "posição completamente parcial sobre a crise ucraniana", o que constitui uma "violação terrível da Carta da UNESCO, que fala da necessidade de garantir a igualdade de direitos em termos de acesso à educação para todos".
"A Carta da ONU, que é vinculativa para todas as agências especializadas da organização, fala da obrigação de respeitar os direitos humanos, independentemente do género, raça, língua e religião. A língua russa e a Igreja Ortodoxa são proibidas por lei na Ucrânia. Este não é um processo espontâneo", argumentou o chefe da diplomacia russa.
Lavrov afirmou que "aqueles que chegaram ao poder através de um golpe de Estado decidiram abolir imediatamente o estatuto de russo".
"Antes da operação militar especial [contra a Ucrânia], começaram a aprovar leis que, em primeiro lugar, limitavam os direitos das línguas minoritárias a nível nacional. Uma vez feito isso, aprovaram um documento que estabelecia exceções para as línguas da União Europeia e deixavam o russo numa posição absolutamente discriminatória ", sublinhou, lembrando que Kiev proibiu o seu ensino nas escolas primárias e secundárias.
Posteriormente, alertou, foi introduzida legislação para "expulsar qualquer fornecedor russo do mercado dos 'media'", o que levou ao "encerramento de três grandes empresas ucranianas de língua russa".
"A UNESCO não reagiu a nada disto nem tomou medidas", lamentou.
"É triste. No entanto, somos pessoas persistentes quando se trata de defender os nossos princípios", disse Lavrov, sublinhando que a UNESCO "é dedicada às aspirações eternas da humanidade".
"Não a deixaremos nas mãos de usurpadores que a privatizaram e que agora querem fazer tudo à sua maneira", garantiu.
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