Um cidadão português, natural de Ermesinde, morreu este sábado quando se colocou entre um homem armado com uma faca e polícias num atentado terrorista em Mulhouse, França. Entre a "valentia" do português destacada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, à condenação do "ato de terrorismo" do presidente francês, Emmanuel Macron, são várias as reações ao ataque.
Após o crime, a Procuradoria Nacional Antiterrorista (PNAT) confirmou que "um civil que interferiu no ataque morreu", enquanto o Ministério Público de Mulhouse indicou tratar-se de um cidadão português de 69 anos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou ser "um cidadão português de 69 anos que se encontrava no local" e "ter-se-á interposto entre os polícias e o atacante, tendo sido esfaqueado e morto".
O português era um emigrante natural de Ermesinde, casado e com um filho e, segundo o ministério tutelado por Paulo Rangel, vivia em França desde 1992.
Numa nota, publicada no site da Presidência da República, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou as "mais sentidas condolências à família, amigos e à comunidade portuguesa" em Mulhouse e condenou "veementemente o ataque de ódio", mantendo-se em "contacto com o ministro dos Negócios Estrangeiros no acompanhamento à família da vítima".
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, lamentou a morte do português que morreu "perante um ataque contra a comunidade que o acolheu" e destacou que "a sua valentia, que lhe custou a vida, poderá ter salvo tantas outras".
"Deixo sinceras condolências aos familiares e amigos — e toda a solidariedade ao povo francês", acrescentou numa nota publicada na rede social X.
Em França, o presidente, Emmanuel Macron, disse não haver dúvida de que o ataque foi um "ato de terrorismo" e "islâmico" e expressou "a solidariedade da nação para com a família" da vítima mortal.
O primeiro-ministro, François Bayrou, afirmou que "o fanatismo voltou a atacar" e deixou França "de luto". "Os meus pensamentos vão naturalmente para as vítimas e as suas famílias, com a firme esperança de que os feridos recuperem", acrescentou.
Já a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, defendeu que este ataque é uma "recordação dramática de que a guerra contra o terrorismo não será ganha com palavras, mas com atos".
Na Europa, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, apresentou as sinceras "condolências à família da vítima" e "profundo pesar aos feridos".
"Devemos permanecer unidos contra todas as formas de ódio e de terror e determinados a defender os nossos valores de paz e de tolerância, garantindo a segurança de todos", destacou.
Mes pensées vont aux victimes de l’attentat terroriste de Mulhouse. Mes sincères condoléances aux proches de la victime et toute ma solidarité avec les blessés.
— António Costa (@eucopresident) February 22, 2025
Nous devons rester unis contre toutes formes de haine et de terreur et déterminés à défendre nos valeurs de paix et…
Também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu ao ataque afirmando estar "chocada" e assegurando que "a Europa está determinada na luta contra o terrorismo".
"As minhas condolências à família da vítima inocente deste trágico ataque. Desejo uma rápida recuperação aos corajosos agentes da polícia feridos no exercício das suas funções", afirmou Roberta Metsola na rede social X.
Choquée par l'attentat de Mulhouse.
— Roberta Metsola (@EP_President) February 22, 2025
Mes condoléances à la famille de la victime innocente de cette attaque tragique.
Je souhaite un prompt rétablissement aux policiers courageux blessés dans l'exercice de leurs fonctions.
L'Europe déterminée dans la lutte contre le terrorisme.
A Justiça francesa está a investigar como um ato terrorista o ataque perpetrado esta tarde durante uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo.
Num comunicado enviado à agência de notícias Efe, a Procuradoria Nacional Antiterrorista (PNAT) indicou que durante a investida o suspeito gritou "Allah Akbar" (em árabe, "Alá é grande").
O PNAT especificou que enviou um dos seus magistrados a Mulhouse para dirigir as operações no terreno e que foi aberta uma investigação sobre os crimes de homicídio terrorista e tentativa de homicídio terrorista de pessoas em posição de autoridade.
Vários meios de comunicação, citando o procurador de Mulhouse, revelaram que o agressor tem 37 anos, é um estrangeiro referenciado por risco de terrorismo e já foi alvo de uma ordem de expulsão de França.
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