As duas viaturas pesadas foram queimadas entre a noite de sábado e madrugada de domingo, no troço entre Nsanja e Muaja, no distrito de Ancuabe, ao longo da estrada Nacional (N14), na via para Montepuez, na sequência da presença no local de grupos de alegados terroristas.
"A situação está mal, a passagem esteve interrompida desde 15:00 de ontem", disse à Lusa uma fonte em Ancuabe.
Os camiões carregados de produtos alimentares e madeiras foram surpreendidos com a presença dos rebeldes, que exigiam pagamento de valores monetários para o seguir viagem, através de uma portagem improvisada desde sábado.
"Ontem estavam cobrar, pelo menos oito carros foram cobrados", relatou a fonte.
O circulação automóvel naquela aérea esteve interrompido desde sábado e só foi retomada na manhã deste domingo, com a presença de militares do Ruanda, que apoiam as forças armadas de Moçambique no combate aos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado, constatou igualmente a Lusa no local.
A Lusa já tinha noticiado no sábado que alegados terroristas montaram uma cancela para cobrar portagens na estrada Nacional 14.
De acordo com as fontes, a cancela foi montada no distrito de Ancuabe, cerca das 15:30 locais (14:30 em Lisboa), e condutores de várias viaturas foram intercetados e obrigados a pagar a designada portagem, incluindo uma de transporte de passageiros, no trajeto entre Pemba, capital da província de Cabo Delgado, e Montepuez.
"Estão a cobrar sim, começou na tarde de hoje", relatou no sábado uma fonte, no local, a 150 quilómetros de Pemba.
Ainda no sábado, uma viatura de transporte de passageiros só conseguiu seguir viagem após pagar, no local, 1.000 meticais (14 euros).
"Não estão a perdoar ninguém", relatou outra fonte a partir de Pemba, após o irmão, um dos motoristas visados nesta 'portagem', ter sido libertado pelos supostos terroristas.
A estrada N14 liga os distritos de Montepuez, Namuno e Balama, em Cabo Delgado.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica e gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se de 10 e 11 de maio de 2024, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
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