Centenas na Catedral de Notre-Dame para homenagear Papa Francisco

Algumas centenas de pessoas, a maioria fiéis e de várias nacionalidades, foram hoje até à Catedral de Notre-Dame, em Paris, após receberem com "tristeza" a notícia da morte do Papa Francisco, "um homem santo e iluminado".

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Lusa
21/04/2025 21:17 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Papa Francisco

"Eu fiquei muito tocada. Eu já imaginava, porque ele estava doente (com uma pneumonia bilateral), mas é muito triste. É um homem de luz, mesmo iluminado, e que infelizmente se foi, e vai fazer muita falta", disse à Lusa Ana Cristina Vaz Bagetti Lira, de 40 anos, natural de Recife, no Brasil.

 

A brasileira, que está em Paris de férias, decidiu deslocar-se até à catedral parisiense e tentou assistir à missa em homenagem ao Papa Francisco, de onde saiu visivelmente emocionada.

Para Ana Cristina Vaz Bagetti Lira, "a caridade dele com os mais necessitados, ele tinha muita compaixão" será algo a recordar de Francisco, que faleceu na manhã de segunda-feira aos 88 anos, devido a um acidente vascular cerebral (AVC), após 12 anos de pontificado.

Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica após ser eleito papa a 13 de março de 2013.

"Eu acho que a Igreja olhou com um olhar diferente para a América do Sul, porque éramos muito esquecidos e com este Papa olharam mais para nós, entenderam mais a cultura e acolheram-nos mais", defendeu Ana Cristina Vaz Bagetti Lira, referindo que um próximo Papa "nunca vai ser parecido, porque foi muito marcante".

Cufflec, de 66 anos e origem francesa, estava na fila para entrar na Notre-Dame "por curiosidade", mas ao saber da missa mostrou interesse em "ficar para assistir".

"O Papa Francisco representa para mim um santo homem, ou seja, foi um homem que dedicou sua vida aos outros. Em alguns pontos, não estava totalmente de acordo com ele, porque ele tinha alguns lados um pouco excessivos, mas, por outro lado, não podemos duvidar da sua boa fé e do seu compromisso", afirmou Cufflec.

De acordo com um sexagenário da Polónia que não se quis identificar, Francisco "era futurista, mas demasiado moderno para a Igreja Católica".

"Preferimos o nosso Papa: João Paulo II (pontificado entre 1978 a 2005)", afirmou a sua mulher também polaca.

No átrio da catedral, onde se encontrava a maioria das pessoas, muitas delas com esperança de conseguir entrar para a missa das 18:00, os funcionários da Notre-Dame informaram que não existiam visitas pela morte do Sumo Pontífice, aconselhando os turistas a voltar na terça-feira, numa altura em que a chuva se intensificou na Île de la Cité, no rio Sena.

"Eu estou em Paris de férias e fiquei curiosa para vir aqui e ver o ambiente hoje", disse a australiana Sue Tesoaei, de 60 anos, afirmando que a notícia da morte de Francisco a deixou "surpresa", porque a sua última aparição foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, e "parecia estar bem de repente".

"Fiquei chateada, porque para mim o Papa Francisco defendia muito as pessoas que são LGBTQIA+, a maioria dos católicos não concordava, mas ele era a favor de uso de contracetivo para prevenir doenças. Então eu respeitava muito o Papa Francisco, apesar de não ser católica", afirmou Jéssica Gonçalves, de 35 anos, do Rio de Janeiro.

Para a brasileira praticante da religião espírita, na altura da pandemia "os discursos que Francisco fazia na Praça São Pedro" tocaram-lhe muito "num momento muito difícil"

"Tivemos muitas pessoas morrendo no mundo e ele trazia um relato de esperança para as pessoas que estavam sofrendo por algum motivo, pela doença ou pela morte de algum familiar", acrescentou Jéssica Gonçalves.

Após o fim da missa num dia em que é feriado de Páscoa em França, centenas de fiéis de todas as idades saíram de dentro da catedral antes do início da vigília de oração das 20:00 à meia-noite, a maioria dos franceses mostrou-se relutante em falar com os jornalistas.

Um grande número de agentes da autoridade francesa esteve presente no perímetro da catedral, que foi reaberta em 07 de dezembro de 2024, cinco anos após o incêndio que devastou o monumento com mais de 800 anos, símbolo do cristianismo, sem a presença do Papa Francisco que foi convidado pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.

Num dia com especial afluência de fiéis movidos pela homenagem ao Papa, durante a manhã, os sinos da Catedral de Notre-Dame deram "88 badaladas por 88 anos de vida" e houve uma primeira missa dedicada ao chefe da Igreja Católica ao meio-dia.

Relativamente ao futuro Papa, que será eleito num conclave dentro de um mês, Jéssica Gonçalves espera que a Igreja leve em consideração "uma pessoa mais aberta a uma Igreja mais humana".

"Eu gostaria que fosse eleito um Papa de um lugar que não existiu ainda, por exemplo, África. Seria um ponto de vista diferente para a Igreja Católica, mas vamos ver o que acontece", acrescentou.

Leia Também: Sinos de Notre-Dame tocaram 88 vezes em homenagem a Francisco

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