Polvo duplica tentáculo ferido e utiliza ambos de forma independente

Um polvo residente nas águas de Ibiza conseguiu uma regeneração invulgar de um dos tentáculos, dividido em dois após um ataque em que perdeu vários membros, e agora usa-o como se fossem dois tentáculos independentes, para tarefas diferentes.

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Lusa
01/05/2025 06:41 ‧ há 2 horas por Lusa

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Embora existam mais casos de bifurcação de tentáculos em polvos, este é o primeiro estudo a documentar como estes tentáculos regenerados e bifurcados são utilizados na natureza, de acordo com Jorge Hernández-Urcera, coautor desta investigação do Instituto de Investigação Marinha (IIM) e do Centro Oceanográfico Balear do Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO), ambos do CSIC.

 

Após cinco meses a acompanhar Salvador nas águas de Ibiza, os cientistas confirmaram o uso diferenciado e adaptativo dos seus tentáculos bifurcados e regenerados, de acordo com uma nota do IEO citada na quarta-feira pela agência Efe.

Este 'Octopus vulgaris' (polvo-comum) macho, mostrou sinais de ter sobrevivido a um ataque no qual perdeu vários membros.

Durante a regeneração, um dos tentáculos bifurcou e gerou dois apêndices separados que cresceram com o tempo e começaram a ser utilizados de formas especializadas, um mais frequentemente para alimentação e o outro para comportamentos exploratórios, sugerindo uma adaptação progressiva e específica, de acordo com os investigadores.

Os cientistas observaram também uma menor utilização dos tentáculos afetados em comportamentos de risco, o que pode indicar uma forma de memória de dor ou aprendizagem experiencial.

"Estes padrões não só confirmam a capacidade de adaptação comportamental dos polvos, como também levantam questões sobre a forma como o seu sistema nervoso integra novos membros", sublinhou o IEO, destacando ainda "a surpreendente plasticidade motora do polvo, mesmo perante alterações morfológicas extremas", uma vez que utiliza os seus novos tentáculos individualmente.

"O facto de este polvo ter adaptado o seu comportamento e reorganizado o uso dos tentáculos de forma funcional sugere mecanismos neurais complexos que podem inspirar novas aplicações na robótica, neurociência e medicina regenerativa", acrescentou Miguel Cabanellas-Reboredo, investigador do IEO nas ilhas Baleares.

Os polvos são organismos com vida curta, mas têm uma capacidade de regeneração e adaptação notável, pelo que estudos como este podem ajudar a compreender como outros sistemas biológicos lidam com as lesões e a recuperação.

O caso de Salvador abre novos caminhos de investigação sobre a neurogénese em apêndices regenerados e como os sistemas nervosos central e periférico se reorganizam em resposta a estas anormalidades.

"Embora o estudo se baseie num único indivíduo, a sua raridade e o nível de detalhe obtido tornam-no um elemento-chave para futuras pesquisas sobre comportamento, regeneração e controlo motor em organismos marinhos", sublinhou Sam E. Soule, primeiro autor do artigo.

Leia Também: "Maravilhas do oceano". Polvo apanha boleia de tubarão na Nova Zelândia

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