O governo Trump vai permitir a venda de gatilhos de reinício forçado ('forced-reset triggers' ou FRTs), um componente de arma de fogo que permite que as armas disparem mais rapidamente, anunciou o Departamento de Justiça, na passada sexta-feira.
De uma forma mais prática, este dispositivo permite que espingardas semiautomáticas disparem com uma cadência próxima à de armas totalmente automáticas.
Durante anos, o governo norte-americano argumentou que estes componentes eram dispositivos ilegais de conversão para metralhadoras.
O acordo anunciado na sexta-feira foi entre o Departamento de Justiça e a Rare Breed Triggers, que era anteriormente representada por David Warrington, atual conselheiro de Trump na Casa Branca.
O que é que significa o abandono desta legislação?
Ainda que cada estado tenha o poder de definir se mantém ou não as restrições, a inversão da regulação representa um potencial aumento do risco para a segurança pública.
Acesso mais fácil a dispositivos de disparo rápido - ataques mais letais
Será mais fácil para qualquer pessoa adquirir armas que funcionam como metralhadoras, ainda que não o sejam. Isto significa um maior potencial de uso em tiroteios em massa, onde a capacidade de disparar rapidamente muitas balas tem um impacto direto sobre o número de vítimas mortais.
Os defensores do controlo de armas já reagiram, considerando que o acordo pioraria a violência armada.
O perigo do precedente jurídico
Considerando que esta é uma mudança drástica na política da Segunda Emenda sob o governo republicano, a agência noticiosa AP descreve que este acordo pode pôr em causa muitas das regulamentações que o governo anterior do presidente democrata Joe Biden lutou para manter em vigor, num esforço para conter a violência armada.
O acordo exige que a ATF, uma agência federal dos Estados Unidos, subordinada ao Departamento de Justiça, devolva os gatilhos que apreendeu ou que os proprietários entregaram voluntariamente ao governo.
Muitos críticos veem isto como um enfraquecimento do papel do Estado na regulação de armas potencialmente perigosas, o que pode abrir caminho para a legalização de outros componentes que aumentem a letalidade das armas.
Reacender do debate entre lóbi das armas e defensores de maior controlo
Quem defende maior controlo sobre o poder armado olha para esta decisão como uma cedência ao lóbi das armas, enquanto estes últimos elogiam o que definem como uma violação dos seus direitos previstos na Segunda Emenda. A tensão política em torno da segurança e das armas poderá continuar a escalar, o que dificultará consensos.
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