"Estou surpreendido que o público não tenha sido informado há muito tempo", sublinhou o republicano aos jornalistas, referindo que leva "muito tempo para chegar (...) ao estágio 9".
O gabinete de Biden anunciou no domingo que o ex-presidente, de 82 anos, tinha sido diagnosticado alguns dias antes com uma forma agressiva de cancro da próstata com "metástases ósseas".
É um cancro de nível 9 na pontuação de Gleason, que avalia a agressividade dos cancros da próstata numa escala até 10.
O diagnóstico reacendeu as especulações de que a sua comitiva pode ter encoberto o declínio da saúde do democrata durante o seu mandato.
Embora o cancro da próstata seja geralmente diagnosticado mais cedo do que outros tipos de cancro através de exames de rotina, não é impossível que o cancro de Joe Biden tenha passado despercebido ou se tenha desenvolvido rapidamente, de acordo com vários especialistas entrevistados pela agência France-Presse (AFP).
"Não é invulgar um homem ser diagnosticado com doença metastática da próstata, apesar dos exames anuais regulares", destacou Otis Brawley, professor de oncologia na Universidade Johns Hopkins.
A situação realça as limitações conhecidas dos testes de rastreio, ou seja, os exames retais digitais e a medição dos níveis de PSA (um antigénio prostático específico), e o facto de não serem necessariamente recomendados para pessoas com mais de 70 anos de idade.
E "não podemos descartar a possibilidade de se tratar de uma forma agressiva que se desenvolveu rapidamente", observou, por sua vez, a oncologista Natacha Naoun, do Instituto Francês Gustave-Roussy.
O cancro da próstata - uma glândula localizada perto da bexiga - é o cancro mais comum nos homens e a segunda principal causa de morte por cancro nesta população.
"O presidente e a sua família estão a avaliar as opções de tratamento com os seus médicos", sublinhou o gabinete de Biden, em comunicado.
A família Biden já foi afetada anteriormente pela doença, com o filho mais velho do ex-presidente, Beau, a morrer de cancro no cérebro em 2015, aos 46 anos.
Durante o seu mandato, o democrata lançou uma grande iniciativa de investigação e financiamento com o objetivo de reduzir a mortalidade por cancro em 50% em 25 anos.
As mensagens de apoio surgiram depois de o diagnóstico ter sido anunciado.
O atual presidente Donald Trump disse inicialmente estar triste com a notícia, desejando uma "rápida recuperação" ao seu antecessor, cujas capacidades físicas e cognitivas tem gozado durante anos.
"O Joe é um lutador", vincou a ex-vice-presidente Kamala Harris, que entrou na corrida presidencial de 2024 depois de Biden ter desistido, no meio de preocupações com a sua saúde após um debate desastroso com o republicano.
O rei Carlos III, que sofre de cancro, escreveu uma carta ao democrata, de acordo com o Palácio de Buckingham.
"Obrigado por nos apoiarem com amor e encorajamento", escreveu Joe Biden hoje de manhã, numa breve mensagem nas redes sociais, acompanhada de uma fotografia sua ao lado da mulher.
Um livro de investigação que será lançado na terça-feira relata também como a Casa Branca escondeu do mundo as crescentes fraquezas de um presidente que se agarrou durante demasiado tempo à sua tentativa de reeleição.
A obra foi descrita hoje como "um disparate político" e um "bando de mentiras" pela neta do democrata, Naomi Biden, na rede social X.
Joe Biden, que foi o presidente dos EUA mais velho da história, negou recentemente ter sofrido um declínio cognitivo no final do seu mandato.
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