"As pressões externas não desviarão Israel do seu caminho, que é o de defender a sua existência e segurança contra os inimigos que procuram destruí-lo", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita em comunicado.
"Se, devido à sua obsessão anti-israelita e a considerações de política interna, o Governo britânico está disposto a prejudicar a economia britânica, está no seu direito", acrescentou o comunicado, divulgado pelo porta-voz do ministério, Oren Marmorstein.
O Governo britânico anunciou hoje a suspensão de negociações sobre comércio com Israel e a convocação do embaixador israelita em Londres para mostrar desagrado com o bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, palco de uma guerra entre Telavive e o grupo extremista palestiniano Hamas desde outubro de 2023.
Numa declaração no parlamento, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, acrescentou que será revista a cooperação bilateral futura e não excluiu mais medidas.
"Existe um plano da ONU pronto para prestar ajuda em grande escala, necessário com medidas de mitigação contra o desvio da ajuda. Há humanitários corajosos prontos a fazer o trabalho. Há 9.000 camiões na fronteira. Primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu: acabe já com este bloqueio e deixe entrar a ajuda", declarou.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel denunciou o facto de, antes do anúncio, as negociações sobre este acordo de comércio livre não estarem "a ser impulsionadas de todo pelo atual Governo britânico".
Israel também criticou as sanções anunciadas pelo Governo britânico contra os colonos israelitas que vivem em colonatos, classificados como ilegais pela comunidade internacional, na Cisjordânia ocupada.
A este respeito, denunciou o facto de as sanções terem sido emitidas quando Israel está de luto pelo assassinato de Tzeela Gez, uma grávida que vivia no colonato de Bruchin e que foi morta há uma semana num tiroteio alegadamente perpetrado por um palestiniano.
Segundo o jornal Times of Israel, entre as pessoas sancionadas contam-se o colono Zohar Sabah, o posto avançado de Neria Farm e os seus residentes, a organização de colonos Nachala, a empresa de construção Libi Construction and Infrastructure e o seu gerente, Harel Libi, o posto avançado de Coconut Farm e a ativista de extrema-direita Daniella Weiss.
"O mandato britânico terminou há 77 anos", afirmou Oren Marmorstein, referindo-se à administração britânica da Palestina a que se seguiu a criação do Estado de Israel.
Por seu lado, Londres salientou que, embora o Governo britânico continue empenhado no acordo comercial existente, "não é possível fazer progressos nas conversações sobre um novo e atualizado acordo com o executivo de Netanyahu".
"Netanyahu está a promover políticas particularmente más na Cisjordânia e em Gaza", afirmou hoje o executivo britânico, num comunicado.
Após 20 meses de ofensiva contra Gaza, França, Reino Unido e Canadá ameaçaram na segunda-feira tomar "medidas concretas" contra Israel se o Governo de Netanyahu não puser termo às suas "ações ultrajantes" no enclave palestiniano e não permitir a entrada de ajuda humanitária.
Israel lançou uma nova fase da sua ofensiva no final da semana passada, com o objetivo de ocupar totalmente o enclave. O início da operação foi precedido de uma escalada de bombardeamentos que, desde o fim de semana, tem matado cerca de 100 pessoas por dia.
Além disso, Israel bloqueou completamente o acesso de ajuda essencial (como alimentos e medicamentos) a Gaza desde 02 de março, agravando a já terrível crise humanitária.
Segundo a ONU, o primeiro lote de cinco camiões carregados de ajuda entrou na segunda-feira. Antes da guerra, eram cerca de 500 por dia, o que as organizações humanitárias já descreviam como insuficiente para responder às necessidades no terreno.
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