Mais de 28 milhões de pessoas enfrentam fome severa na República Democrática do Congo (RDCongo), o maior número registado no país, de acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo que quase oito milhões de pessoas enfrentam fome aguda em quatro províncias orientais do país - Kivu do Norte, Kivu do Sul, Ituri e Tanganica -, um aumento de 21% desde dezembro, e outros 2,3 milhões enfrentam níveis emergenciais de fome (IPC4), o segundo nível mais alto de insegurança alimentar.
A segunda maior nação da África também registou números recorde face aos números de pessoas deslocadas, com mais de 7,8 milhões de pessoas a fugirem de suas casas devido aos conflitos, refugiando-se nos países vizinhos.
O diretor do PAM para a África Oriental e Austral, Eric Perdison, apelou por uma "ação forte e coletiva" nos níveis nacional, regional e internacional para "reverter uma trajetória sombria".
O PAM conseguiu fornecer assistência alimentar e nutricional a mais de um milhão de democrático-congoleses este ano, porém, com a escassez de recursos, a agência pode ser obrigada a suspender a ajuda a cerca de metade das pessoas beneficiadas numa questão de semanas.
Eric Perdison pediu uma colaboração mais forte entre as autoridades e os profissionais de ajuda humanitária que operam na região, adiantando que o conflito na RDCongo tem sido uma crise esquecida e que, por isso, é importante que a comunidade internacional defenda a população do país e atenda às suas necessidades.
Para o PAM e outras organizações humanitárias, mitigar a crise atual da RDCongo é apenas o primeiro passo.
"O objetivo a longo prazo deve ser trabalhar em prol do desenvolvimento sustentável", declarou Perdison, "e isso requer a adesão do Governo e de todos os atores envolvidos".
Perdison destacou a cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, onde, desde o início do ano, o conflito fez com que os bancos e as escolas fechassem, os agricultores ficaram impedidos de plantar e dispararam os preços dos produtos básicos.
Pelo menos em Goma, as escolas e lojas reabriram, as pessoas deslocadas estão a voltar para as suas casas e estão a ser entregues alimentos e utensílios domésticos.
Desde 1980, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção de paz da ONU.
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