A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, afirmou, esta quarta-feira, que a fuga dos cinco prisioneiros do Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus, a 7 de setembro do ano passado, "foi uma situação difícil que pôs a nu uma fragilidade do sistema", revelando estar em curso uma "melhoria da detenção e condições das prisões".
"Nunca tinha sido feito um relatório como este. Não tinha a verdadeira perceção das situações concretas que encontramos em cada um dos estabelecimentos prisionais que foram auditados", garantindo, no programa Grande Entrevista da RTP3, que essa análise cobriu "todos, sem exceção".
Em funções desde abril, no Executivo de Luís Montenegro, Rita Alarcão Júdice apontou um tema "crítico" nas prisões - "a questão dos inibidores de sinal". Segundo a titular da pasta da Justiça, "os telemóveis nas cadeias são proibidos, mas existem", são utilizados no sentido da "preparação da fuga ou até da perpetuação de alguma atividade criminal" atrás das grades.
"Nós estamos neste momento a fazer uma análise técnica às alternativas que existem, já temos um plano definido. Vamos fazer um concurso que espero que possa ser lançado ainda este ano".
"É prioritário para nós", garantindo: "Queremos colocar inibidores de sinal em todas as cadeias, um investimento de 10 milhões de euros", revela a ministra da Justiça.
Dos cinco fugitivos de Vale dos Judeus, três já foram recapturados estando o paradeiro dos restantes dois por apurar. Rita Alarcão Júdice garante que "há um processo de investigação em curso" e clarifica que "não perdemos a esperança de os encontrar".
Recorde-se que esta fuga levou o Ministério da Justiça a avançar com a instauração de nove processos, visando o ex-diretor, o chefe da guarda e sete guardas prisionais, uma decisão que resultou das recomendações do relatório elaborado pelo Serviço de Auditoria e Inspeção (SAI) da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).
Questionada sobre o problema da corrupção revela "não julgo que Portugal seja um país profundamente corrupto", mas afirma que isso "não quer dizer que não tenham de ser tomadas medidas para prevenir e também para educar as novas gerações do que e a corrupção".
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