"[A imigração] tem desafios e obstáculos, mas também tem muitas vantagens. Por isso é necessário combater os mitos e a desinformação através da evidência", disse António Vitorino após a sessão de encerramento da conferência "Imigração: O desafio da proximidade", que decorreu em Vila Nova de Gaia, apelando também para a realização de debates "razoáveis, civilizados e racionais" sobre um tema "de transformação social complexa".
Para António Vitorino "há uma perceção de que há uma pressão migratória muito grande", pressão essa que, admitiu, "existe" ainda que "seja muito menor do que aquilo que as pessoas possam imaginar", acrescentou.
"Mas sobretudo há necessidade da imigração ser regular, ordeira e segura. Em vez de nos focarmos só na componente de segurança -- que é importante, desde logo pela segurança dos imigrantes e das comunidades de acolhimento -- é necessário organizarmos a imigração para que seja ordeira e segura", defendeu.
O antigo comissário europeu disse ser "óbvio" que Portugal precisa de imigrantes e deu números: "40% da mão-de-obra na agricultura e pescas é imigrante, 35% da hotelaria, que corresponde a 15% do PIB, tem imigrantes, e 28% está na construção civil. É óbvio que é um país que precisa de imigrantes, mas esses imigrantes têm de ser integrados na sociedade portuguesa e essa integração é um desafio quotidiano".
Alertando que, além da ação da administração central, a integração exige a mobilização dos empregadores, das autarquias locais e da sociedade civil para que "seja possível conviver na diversidade", António Vitorino não deixou de não fazer um alerta sobre a capacidade do país.
"A capacidade de integração não é ilimitada porque temos de ter em conta que aqueles que chegam representam uma pressão acrescida sobre os serviços públicos e sobre o alojamento e nesse sentido é preciso contar com os fluxos migratórios no planeamento da capacidade de integração", concluiu numa segunda intervenção à margem da conferência, tendo evitado em ambas falar do tema Eleições Presidenciais.
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