António Leitão Amaro falava na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, que poderá ser o último do XXIV Governo Constitucional em plenitude de funções, uma vez que na terça-feira é votada pelo parlamento moção de confiança ao Governo, que tem 'chumbo' anunciado.
"Quando amanhã o Parlamento se reunir, não há nenhuma moção de confiança chumbada, não há nenhum Governo demitido, há um Governo em plenitude de funções. Ao final do dia, só há Governo demitido, só há eleições se o PS assim quiser", afirmou, responsabilizando quer os socialistas quer o Chega pelo cenário previsível de crise política.
O ministro foi ainda questionado sobre críticas de dirigentes socialistas ao primeiro-ministro, que têm acusado Luís Montenegro de optar por uma saída 'trumpista' da situação, ao preferir ir a votos do que dar mais explicações numa Comissão Parlamentar de Inquérito.
"Não responderei a referências disparatadas, descabeladas e desprovidas de total senso que ficarão com quem as profere", afirmou, dizendo que o Conselho de Ministros não é o local adequado para responder a afirmações "que evolveriam líderes de países estrangeiros".
Questionado sobre os apelos feitos pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos, e outros dirigentes socialistas para que o Governo retire a moção de confiança, o ministro devolveu o repto.
"Se o líder do PS está empenhado em que não haja eleições, se o PS não quer eleições, só tem amanhã de viabilizar a moção de confiança", defendeu.
O ministro foi ainda questionado se o Governo admite algum erro na gestão de todo este processo que envolve a empresa familiar do primeiro-ministro.
"Creio que ninguém nesta sala, ninguém neste país, ninguém com a condição humana atinge a perfeição, e portanto nós somos um Governo, desde o princípio, muito consciente, primeiro da sua condição humana, e do seu apoio parlamentar que é o que é", respondeu.
Leitão Amaro considerou que todos os governantes "olham para o futuro e querem fazer mais", voltando a manifestar o desejo de que os projetos do executivo minoritário PSD/CDS-PP, eleito há precisamente um ano, "não sejam interrompidos".
"Se o parlamento quiser interromper o nosso processo de transformação do país, escolherá interromper o processo de transformação do país, e depois os eleitores julgarão se querem mais transformação, ou se querem retrocesso, ou o que seja", afirmou, já antevendo um cenário de eleições antecipadas.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias -- incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança.
[Notícia atualizada às 19h01]
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