Papa Leão XIV conviveu com "capitalismo sem regras" e "pobreza extrema"

Três dos quatro cardeais eleitores portugueses no Conclave que elegeu Leão XIV elogiaram o novo Papa, recordando o seu percurso de vida que lhe possibilitou conviver com o "capitalismo liberal sem regras" e com a "pobreza extrema" no Peru.

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Lusa
09/05/2025 18:17 ‧ ontem por Lusa

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"Não sei se não é providencial" um Papa que viveu a "experiência do capitalismo liberal sem regras nos EUA e tem a experiência da pobreza extrema no Peru", disse o cardeal António Marto, antigo bispo de Leiria-Fátima, numa conferência de imprensa dos três cardeais que ficaram no Colégio Pontifício Português antes do Conclave.

 

"Francisco foi Francisco, não há clones", mas, segundo António Marto, Leão XIV vai "seguir esta linha do Papa Francisco, do respeito pelos imigrantes e contrário da deportação sem mais daqueles que procuram uma vida melhor e mais digna".

O antigo bispo de Leiria-Fátima disse que "o mundo está hoje muito modificado e os regimes de países comunistas são hoje capitalismo de Estado", a que se somam os temas da "inovação tecnológica e do continente digital", que criam novos desafios e uma "maneira nova de estar na sociedade", com um "individualismo extremo que levou a perder o bem comum e o sentido de comunidade".

António Marto evocou a encíclica Rerum Novarum, em que o Papa Leão XIII "punha limites ao capitalismo liberal onde predomina a força do maior sobre o mais fraco", procurando "defender a liberdade da pessoa humana e dos trabalhadores".

"Assiste-se a uma mudança de época que requer uma atualização da doutrina social da Igreja", disse António Marto, adiantando que "a igreja não é hoje eurocêntrica, nem o mundo é eurocêntrico. Hoje o mundo é policêntrico, é multilateral" e manifestando-se confiante que o Papa vai concluir o processo sinodal, uma auscultação das bases da Igreja promovida por Francisco.

António Marto criticou que se identifique "a Igreja com a hierarquia somente", esquecendo os leigos, porque "o laicado é um gigante adormecido e ainda continua adormecido" e os crentes "estão lá onde estão os problemas".

O patriarca emérito de Lisboa, Manuel Clemente, recordou a "saudação muito bonita" feita da varanda de São Pedro e o compromisso de "fazer pontes, fazer com que as partes se congreguem e se escutem".

"Há um conjunto de circunstâncias que auguram um pontificado muito feliz", disse Manuel Clemente, adiantando que Leão XIV tem uma "proveniência migrante, no sentido não apenas geográfica mas também cultural", que lhe dará vantagem no diálogo com os líderes mundiais.

A reunião com o novo papa pedida pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi comentada pelo ex-patriarca de Lisboa, que considerou que será uma "audiência em que o Papa irá escutar com aquela serenidade que lhe é característica e isso pode ser um ponto de partida para melhores dias".

Por seu turno, Américo Aguiar, bispo de Setúbal, que coordenou a Jornada Mundial da Juventude de 2023, considerou que as origens pessoais de Prevost, norte-americano filho de imigrantes espanhóis e franceses, com ligações ao Canadá, e que fez trabalho missionário no Peru mostram a universalidade das novas gerações de líderes.

"Quanto mais a pessoa em causa tiver um historial, uma experiência de vida o mais transversal em relação à sociedade, mais capaz vai ser de ser sensível, de ser sábio e capaz de construir as pontes", afirmou o cardeal.

"Temos de nos habituar", insistiu, com sorrisos, o mais jovem cardeal português, instantes depois de se enganar no nome de Leão XIV.  

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