"Enquanto for presidente do CDS, a singularidade do nosso partido manter-se-á intacta. Seremos sempre fiéis a nós próprios e nunca nos deixaremos confundir com visões extremistas da sociedade ou com ímpetos liberais", afirmou o dirigente.
Artur Lima, que se recandidata à liderança do CDS-PP/Açores, falava no XI congresso regional do partido, que decorre na Praia da Vitória, na ilha Terceira.
Em 2020, o PS venceu as eleições legislativas nos Açores, mas perdeu a maioria absoluta e PSD, CDS-PP e PPM assinaram uma coligação pós-eleitoral, formando um governo com o apoio parlamentar de Chega e IL.
Com eleições antecipadas, em 2024, na sequência do chumbo do orçamento regional, o CDS-PP concorreu coligado com PSD e PPM, e a coligação venceu as eleições, mantendo-se no governo, ainda que sem maioria absoluta.
Perante os congressistas do CDS, com convidados de PSD e PPM na plateia, o líder regional centrista vincou que o partido chegou ao Governo Regional, pela primeira vez, em 2020, "não por benesse dos outros, mas por mérito próprio".
"Cinquenta anos não são cinco anos. Nem são sete. São 50 anos de existência que atestam solidez, verdade e confiança. O CDS não é comparável a partidos que acabaram de chegar à política regional e nacional e que, para se fazerem notar, ferem valores fundamentais, falam alto demais, demonstram pouca maturidade democrática e diminuta sensibilidade social", salientou.
O dirigente democrata-cristão, que gere o CDS-PP nos Açores desde 2007, deixou elogios ao líder do PSD/Açores e presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, alegando que é um "privilégio" tê-lo a coordenar a coligação.
"Fui e sou amigo de José Manuel Bolieiro. Sou o primeiro a reconhecer e a apoiar a sua extraordinária liderança desta coligação. Nunca o senhor presidente Bolieiro e o meu parceiro Paulo Estêvão [PPM] contaram com a deslealdade do CDS. Sempre fomos coesos e unidos e essa está a ser a receita para o sucesso da governação nos Açores que incomoda toda a oposição", apontou.
Artur Lima enumerou medidas apresentadas enquanto esteve na oposição, que disse serem hoje "direitos dos açorianos", e "medidas inovadoras" que o executivo implementou na área social, por si tutelada, enquanto vice-presidente, no primeiro mandato da coligação.
Destacou a gratuitidade das creches, o programa de apoio à natalidade Nascer Mais, o Plano Regional para a Inclusão Social e Cidadania e o programa Novos Idosos, que descreveu como a "menina dos [seus] olhos".
"O programa Novos Idosos, da maneira como está desenhado, é único na Europa. Vêm agora aqui os arautos da desgraça dizer: como é que se vai financiar depois do PRR [Programa de Recuperação e Resiliência]? Priorizando. E nós sabemos como é que o vamos fazer", frisou.
Lima referiu ainda que o executivo açoriano conseguiu reduzir o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção, "de 18 mil para sete mil e tal", e fê-lo "sem populismos, sem alarmismos e sem perseguir ninguém".
O líder do CDS-PP, Nuno Melo, previa estar presente no congresso regional centrista, mas disse que a moção de censura ao Governo da AD - Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), debatida na Assembleia da República na sexta-feira, o impediu de se deslocar aos Açores.
Numa mensagem de vídeo, transmitida no congresso, defendeu que Portugal "está muito melhor" com a governação da AD e considerou que foi o CDS nos Açores a abrir caminho para a coligação nacional.
"As coisas estão a correr bem e o CDS tem sido parte fundamental deste esforço, o que demonstra que a mudança valeu a pena. Se assim foi no plano nacional, devemos aos açorianos e ao CDS nos Açores o facto de terem estado à frente a abrir caminho. Eu não esqueço que os Açores foram, neste novo ciclo, a AD antes da AD e, tal como no plano nacional, os açorianos vivem hoje melhor", afirmou.
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