A moção de censura do PCP ao XXIV Governo Constitucional, entregue pelo partido no passado domingo, vai ser debatida e votada hoje, quarta-feira, 5 de março, a partir das 15h.
Apesar de já ter chumbo anunciado – o PS já anunciou que não pretende viabilizá-la - a moção de censura 'Travar a degradação da situação nacional, por uma política alternativa de progresso e de desenvolvimento' tem dado muito que falar.
O PCP anunciou-a logo após o Executivo AD ter dito que ia avançar com uma moção de confiança, o que fez com que Luís Montenegro recuasse, munido do argumento que o chumbo da moção de censura é o sinal de confiança do Parlamento que precisava para continuar a governar.
Mal-estar com Marcelo?
Além do 'vaivém' de moções – é a segunda de censura ao Governo da AD em apenas duas semanas – Luís Montenegro lida agora com uma "irritação", segundo vários meios de comunicação social.
É que o primeiro-ministro não terá telefonado ao Presidente da República antes da declaração ao país de sábado e só terá tido conhecimento do que Luís Montenegro tinha a dizer – e da alegada moção de confiança – ao mesmo tempo que o resto da população.
Depois da intervenção, o primeiro-ministro terá tentado então ligar a Marcelo, mas este optou por não atender, por estar "com outros afazeres", como cita o Observador.
Em declarações à SIC Notícias, o chefe de Estado terá mesmo confessado: "O primeiro-ministro tem direito de não ligar, mas podia ouvir a minha opinião".
Não se sabe se as diferenças estarão sanadas, mas ontem, terça-feira, 4 de março, ambos estiveram reunidos, ao final da tarde, no Palácio de Belém, como anunciou o site oficial da Presidência, numa curta nota, onde não foi dado qualquer pormenor sobre o encontro.
PS quer comissão de inquérito
Apesar da moção de censura do PCP ter o chumbo como certo, os partidos já exigiram mais esclarecimentos a Luís Montenegro sobre os seus negócios e contas e o PS quer mesmo levar o primeiro-ministro à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) por defender que os portugueses têm "direito a saber a verdade".
Tal como o PS, os restantes partidos querem que o primeiro-ministro esclareça o pais não só sobre a Spinumviva, detida até sábado pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e pelos filhos, como a sua ligação com o grupo Solverde, que paga uma avença mensal à empresa em questão de 4.500 euros.
Entretanto, surgiu ainda uma outra questão que tem, segundo os partidos da oposição, de ser explicada. Segundo o Correio da Manhã, Luís Montenegro usou várias contas à ordem de valor inferior a 41 mil euros, que a lei não obriga a declarar, para pagar a casa que comprou em Lisboa, em 2024. Adianta o mesmo jornal que o Chefe do Governo não explicou a origem dos 226 mil euros, um valor que não consta das declarações entregues à Entidade para a Transparência.
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