"O que o dia de hoje revelou é que o Governo se encontra num momento de descoordenação total, de afirmações por parte de diferentes membros do Governo que foram dissonantes. Isso revela que o Governo não tem hoje qualquer capacidade para governar porque está única e simplesmente focado na gestão da crise política que é da única e exclusiva responsabilidade do primeiro-ministro", acusou, em declarações à Lusa o socialista João Torres.
Segundo o deputado e dirigente do PS, "ter visto ministros corrigir outros e observar as diferenças de posicionamento" leva os socialistas a "acreditar que existe já quase que uma desintegração dentro do Governo" na questão da moção de confiança.
"É grave que sobre uma questão tão específica tenhamos ouvido hoje, por diferentes vozes, visões que não exatamente coincidentes num assunto da maior importância", apontou, considerando que "essa desorientação também é reflexo de uma falta de liderança".
O ministro da Presidência remeteu hoje para a votação da moção de confiança no parlamento a "última oportunidade" de evitar eleições, afastando a ideia de que o Governo possa retirar esse instrumento se o PS recuar no inquérito.
No final da conferência de imprensa do Conselho de Ministros, Leitão Amaro foi questionado sobre as declarações do ministro Adjunto, Castro Almeida, à rádio Observador, em que admitiu hoje que o Governo poderia retirar a moção de confiança caso o PS se mostrasse satisfeito com os esclarecimentos dados pelo primeiro-ministro e retirasse a proposta de comissão de inquérito (CPI).
"Percebemos o que o Governo está a fazer do ponto de vista da inversão do ónus e da tentativa absolutamente inaceitável, inqualificável de levar para o PS uma responsabilidade sobre o tema da eventual não aprovação de uma moção de confiança", acusou João Torres.
O socialista condenou ainda "a arrogância do Governo", o que "revela que existe de facto um Governo e um primeiro-ministro que não são capazes de se focar na realidade governativa do país e que estão absolutamente desorientados".
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