O dirigente falava aos jornalistas na Assembleia da República, associando-se a outros partidos que "já demonstraram a sua estupefação e crítica" à forma como a proposta de relatório da comissão foi apresentada pelo Chega.
Em causa está o facto de na sexta-feira a deputada relatora - Cristina Rodrigues, do Chega - ter apresentado as suas conclusões preliminares numa conferência de imprensa, na Assembleia da República, na qual participou também o presidente do partido, André Ventura.
O deputado, que integra a comissão parlamentar de inquérito sobre o caso de duas crianças luso-brasileiras que receberam um dos medicamentos mais caros do mundo através do Serviço Nacional da Saúde, realçou que os membros da comissão só receberam esta proposta de relatório já durante a conferência de imprensa e criticou a presença de André Ventura nesse momento, considerando-a "uma partidarização excessiva e indesculpável do trabalho" do inquérito parlamentar.
"Esta conferência de imprensa foi o culminar de todo este processo de instrumentalização de um instrumento parlamentar importante e relevante e que não se deve banalizar para fins meramente partidários, gerando na opinião pública a convicção de que se tratavam de conclusões definitivas da comissão parlamentar de inquérito, quando a comissão parlamentar de inquérito não discutiu ainda sequer o relatório, nem muito provavelmente àquela data teria ainda conseguido acabar de ler este relatório, parece-nos", realçou.
O deputado considerou que o Chega pretende "atacar o Presidente da República, o PSD, o PS" e que esta conferência de imprensa foi "só mais um episódio dessa tentativa de instrumentalizar aquilo que são instrumentos parlamentares que existem no nosso sistema jurídico e que são importantes meramente para fins partidários e eleitoralistas".
A proposta de relatório do inquérito parlamentar ao caso das gémeas luso-brasileiras, redigida e apresentada pela deputada do Chega Cristina Rodrigues, acusa o Presidente da República de "abuso de poder".
Os trabalhos da comissão de inquérito estão suspensos, e o início da discussão do relatório preliminar está marcada para 26 de março.
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