"Esta crise política, que nos conduziu a estas eleições, deve-se em primeiro lugar à incapacidade do PSD de lidar com os seus problemas judiciais", declarou, referindo-se aos processos que investigam suspeitas de corrupção na Madeira, envolvendo vários elementos do executivo social-democrata, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque.
José Manuel Rodrigues falava num almoço/comício com militantes e simpatizantes da candidatura democrata-cristã, no concelho de Santana, na costa norte da ilha, o único município da região governado pelo CDS-PP.
"Nós vivemos tempos difíceis, tempos incertos, eu diria mesmo tempos de balbúrdia e de alguma loucura", afirmou, vincando que "as pessoas estão zangadas com a política" e que "têm toda a razão".
Para o candidato democrata-cristão, o PSD, partido que governa a região autónoma desde 1976, é responsável pela crise, porque revelou "incapacidade" em gerir as suas divisões internas, bem como em dialogar com os outros partidos com assento parlamentar, mostrando também uma "liderança errática".
"Ou o PSD muda, ou o povo vai mudar o PSD", avisou.
José Manuel Rodrigues atribuiu também culpas aos partidos da esquerda, afirmando que demonstraram uma "irresponsabilidade enorme" ao aprovarem a moção de censura do Chega que fez cair o governo minoritário do PSD.
"As pessoas estão fartas de eleições, as pessoas estão fartas de campanhas eleitorais, as pessoas estão fartas que os partidos andem a brincar aos partidos", alertou, para logo reforçar: "As pessoas precisam de estabilidade, de paz, de serenidade, e, sobretudo, que os políticos resolvam os seus problemas."
José Manuel Rodrigues revelou, por outro lado, que no decurso da campanha as pessoas lhe têm dito que o CDS-PP tem razão nas propostas que apresenta, mas sublinhou ser necessário converter esse apoio em votos no próximo dia 23.
"É que não basta concordar, é preciso votar", alertou, reforçando: "É preciso encher de votos o CDS."
Em 2019, o CDS-PP estabeleceu um acordo de governação com o PSD, partido que governa a região autónoma desde 1976, indicando dois secretários regionais e garantido a presidência da Assembleia Legislativa da Madeira, cargo que continua a ser desempenhado por José Manuel Rodrigues.
Em setembro de 2023, os partidos concorreram coligados, mas não obtiveram a maioria absoluta e formaram governo com apoio do PAN.
Já nas eleições antecipadas de maio de 2024, avançaram sozinhos, mas assinaram um acordo de incidência parlamentar, insuficiente para assegurar a maioria absoluta, tendo o PSD formado um governo minoritário, o primeiro na história da autonomia.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
Leia Também: CDU apela ao voto para voltar ao parlamento regional da Madeira