"Já sabemos que o Chega muda de opinião, se for o caso, diariamente; já sabemos que o CDS, no fundo, é uma candidatura à presidência da Assembleia Legislativa", avisou, referindo-se ao facto de o líder democrata-cristão madeirense, José Manuel Rodrigues, ocupar a presidência do parlamento regional desde 2019, na sequência de acordos com o PSD.
Gonçalo Maia Camelo considera, por isso, que a Iniciativa Liberal é única alternativa de centro-direita credível, moderada e responsável.
"Queremos ser atores responsáveis e contribuir para a estabilidade da Madeira", reforçou.
O cabeça de lista da IL, que falava no âmbito de uma ação de campanha na zona da Ajuda, no Funchal, focada no contacto direto com a população, destacou depois o "caráter diferenciador" das propostas do partido, por exemplo, em áreas como saúde, habitação e reforço da autonomia.
"Sempre numa lógica de futuros entendimentos eleitorais, nós poremos as nossas propostas à frente de todo o resto", assegurou, para logo realçar: "Não temos interesse especial em cargos, não temos interesse em negociar posições, a única coisa que vai estar em cima da mesa para nós são as nossas propostas e vê-las refletidas na política governativa futura".
Ao nível da saúde, a IL defende a utilização de toda a capacidade instalada - pública, privada e social - para resolver o problema das listas de espera para consultas, exames e cirurgias, que, alertou, "continuam a engrossar".
No setor da habitação, a proposta vai no sentido de apostar na habitação social, direcionada para pessoas com carências, mas também no reforço da oferta privada, agilizando licenciamentos, reduzindo a fiscalidade e utilizando os terrenos públicos devolutos para construção.
"Havendo mais oferta, o preço obrigatoriamente desce", argumentou Gonçalo Maia Camelo.
O cabeça de lista da IL defende, por outro lado, o reforço da autonomia, que diz estar "abafada pela instabilidade", apontando para a urgência da revisão da Lei da Finanças Regionais, a criação de melhores condições de competitividade na Zona Franca, o reforço dos poderes da região na gestão do domínio público marítimo e a necessidade de assegurar que a Madeira participe nos processos decisórios ao nível do país e da União Europeia.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega -- que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional minoritário do PSD, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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