"Se por um lado existe um entendimento, que é mais ou menos comum, de que a qualidade ambiental é fundamental, depois quando vamos constatar que tipo de políticas é que estão a ser implementadas no terreno, aí percebemos que na maior parte dos casos não é esse o caminho que se está a seguir", criticou Roberto Almada, que hoje esteve no miradouro da Eira do Serrado, no Funchal, no âmbito da campanha para as legislativas antecipadas de domingo.
Apontando a intenção e a decisão de construir um teleférico sobre o Curral das Freiras como "um exemplo bem evidente dessa incoerência", Roberto Almada contrapôs os discursos acerca da importância da qualidade ambiental da região com opções que são depois tomadas e que "vão degradando essa qualidade ambiental".
"Neste caso em concreto, uma machadada forte na qualidade paisagística que temos para oferecer e que temos para vivenciar", salientou o bloquista, que foi eleito deputado para o parlamento da Madeira nas eleições de 2023, mas depois falhou a reeleição nas regionais antecipadas de maio de 2024.
Por outro lado, referiu ainda o cabeça de lista do BE, nos últimos anos foram sendo desenvolvidos planos para questões como a gestão dos resíduos, a energia ou as alterações climáticas, "mas que depois não passam do papel".
"Se formos a ver os indicadores ambientais que de alguma forma revelam o desempenho a esse nível da região, estamos em circunstâncias que, comparativamente ao resto do país, são muito más: a reciclagem dos resíduos, por exemplo, não chega aos 15%; as energias renováveis no âmbito da produção de eletricidade já não descolam dos 30% há várias décadas, apesar das promessas de que estaríamos já nesta altura muito próximos dos 50%", argumentou.
Além disso, o problema dos incêndios tem também vindo a agravar-se nos últimos anos na região, tal como "a questão das espécies invasoras que vão ameaçando cada vez mais a diversidade de vida", acrescentou.
"Apesar de existirem muitas vezes boas intenções e até bons planos e boas estratégias, depois na prática quando estamos a exercer a governação nada é feito que seja consequente nesse sentido", lamentou, insistindo na ideia de que a questão ambiental "é muito relevante para a Madeira".
Às legislativas madeirenses, as terceiras em cerca de um ano e meio, concorrem 14 candidaturas, que vão disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) - e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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