Chega compara Le Pen a Montenegro: "Suspeitos não se devem recandidatar"

André Ventura defendeu que, com a condenação de Le Pen, "há riscos de a inelegibilidade se tornar numa forma de afastar opositores políticos".

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© MIGUEL RIOPA/AFP via Getty Images

Cátia Carmo
31/03/2025 16:17 ‧ há 2 dias por Cátia Carmo

Política

André Ventura

O presidente do Chega, André Ventura, reagiu à condenação da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, de quem é aliado no grupo do Parlamento Europeu Patriotas da Europa, defendendo que "quem tem suspeitas de desvio de dinheiro público não se deve recandidatar". Comparou também o caso da francesa ao de Luís Montenegro.

 

"Se não acho que Luís Montenegro se deve recandidatar, com as suspeitas que há de que esteve a receber dinheiro que não devia enquanto era primeiro-ministro, não posso dizer o contrário em relação a alguém que é suspeito de ter desviado dinheiro publico para utilização partidária. Se as suspeitas se verificaram, quem é suspeito de um desvio público não se pode candidatar. Já vivemos atolados em corrupção, mas Marine Le Pen tomará a decisão que entender", explicou André Ventura, aos jornalistas, à margem de uma arruada em Setúbal.

Confrontado com o facto de Marine Le Pen já ter sido condenada e o primeiro-ministro não ser sequer arguido, o líder do Chega alegou que Luís Montenegro "tem visto aumentar dia após dia suspeitas sobre a sua conduta" e "é suspeito de ter enriquecido à custa da sua atividade pública e política".

"Isto é mau para a democracia e é mau, quer quando a pessoa é condenada, mas também quer quando estas suspeitas existem e não são explicadas. Suspeitas podem existir sobre qualquer pessoa, a diferença dos políticos sérios é que não fogem e explicam", defendeu.

Ventura considerou que, tanto num caso como no outro, "se têm de retirar as devidas consequências", afirmando que "não é pior" o caso de Le Pen do que o caso de Montenegro.

No entanto, Ventura reconhece que a notícia "não é boa" para os Patriotas da Europa, a que o Chega também pertence, e aponta para "riscos de a inelegibilidade se tornar numa forma de afastar opositores políticos".

"Vimos isso no Brasil, em França e espero que a justiça tenha noção de que não se deve substituir à democracia", acrescentou o líder do Chega.

A líder da extrema-direita francesa vai recorrer da condenação a quatro anos de prisão e proibição de concorrer a eleições durante cinco anos, anunciou o advogado esta segunda-feira.

Mesmo com um recurso, Marine Le Pen fica desde já impossibilitada de exercer cargos públicos, uma medida que deixou o advogado "muito consternado", lamentando que não seja passível de recurso, no que considerou um "círculo vicioso".

A líder do grupo parlamentar do RN na Assembleia Nacional francesa foi condenada a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de cem mil euros e a cinco anos de inelegibilidade.

Le Pen e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado de 4,1 milhões de euros de fundos públicos do Parlamento Europeu pelo Tribunal de Paris.

O novo julgamento em recurso não tem um prazo fixo e poderá ocorrer pouco antes da campanha presidencial de 2027 ou mesmo mais tarde, o que prejudicaria a candidatura de Le Pen, embora esta ainda não tenha anunciado uma estratégia.

[Notícia atualizada às 18h15]

Leia Também: Jordan Bardella, o novo candidato presidencial da extrema-direita francesa

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