"É preciso penalizar aqueles que, sempre com os impostos na boca, a única coisa que fazem é aprofundar a injustiça fiscal", disse Paulo Raimundo, que discursava no final de um jantar da CDU (Coligação Democrática Unitária - PCP e Partido Ecologista "Os Verdes") em Sines, no distrito de Setúbal.
Paulo Raimundo criticou a decisão de se baixar o IRC, considerando que vai "direitinha para os grandes grupos económicos", não tendo impacto nos micro, pequenos e médios empresários.
"Para esses, sobram os custos bancários, os preços da eletricidade, os preços dos combustíveis, todos os custos com as seguradoras, os custos com as telecomunicações", disse.
Sobre a proposta de uma baixa de IRC para os 15%, Paulo Raimundo desafiou os partidos que defendem essa medida a explicar onde é que vão cortar os dois mil milhões de euros de receita a menos do Estado "na saúde, na educação, nos bombeiros, nas forças de segurança, nos professores".
Num discurso centrado na política fiscal, o líder comunista criticou também o caminho optado por alguns de uma carga fiscal "sempre carregada às costas por quem trabalha, por quem tem uma pequena empresa", ao mesmo tempo que o alívio "sobra sempre para aqueles que já concentram uma grande parte da riqueza".
Além dos impostos sempre na boca, Paulo Raimundo apontou também para aqueles que andam sempre "com as grandes empresas na boca", mas que se esquecem dos 99,3% do tecido empresarial português composto por micro, pequenas e médias empresas.
"Para esses, nada. Para as grandes, tudo. É ouvi-los sempre com a lenga lenga de que a culpa, toda a culpa é dos impostos", notou.
Nesse sentido, considerou que esse "pregão" do alívio fiscal, suportado por "'powerpoints' e estudos", quando espremido, "sobra sempre para os mesmos".
O secretário-geral do PCP recordou ainda a descida de IRS de 2024 e da afirmação que fez na altura e que "foi tão ridicularizada, tão comentada e tão palavreada".
"Eu vou repeti-la agora, que é para ver se os mesmos se atrevem a fazer o mesmo. A única forma de aumentar os salários é a aumentar os salários. Não é com truques no IRS, não é com truques nos impostos", afirmou.
Perante a plateia, Paulo Raimundo defendeu que se penalizem "os vendilhões das ilusões".
"Querem-nos resignados e sem esperança e querem-nos convencer que não há alternativa. A maioria carrega e a minoria enche os bolsos. Era só o que faltava que este povo estivesse destinado a esse presente e a esse futuro", vincou.
Em contraponto a uma política do medo e da resignação, Paulo Raimundo apontou a abertura de um caminho de uma política de esperança.
"Nós temos todos direito a uma vida melhor. Nós temos todos direito à esperança e à felicidade", disse.
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