Colher sapi-portuguesa, pinturas e instrumentos entre aquisições para museus

Uma colher sapi-portuguesa da época dos Descobrimentos, pinturas e instrumentos musicais estão entre as compras do Estado para museus e palácios nacionais em 2024, por cerca de 428 mil euros, divulgou hoje a Museus e Monumentos de Portugal.

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Lusa
06/02/2025 17:24 ‧ há 7 horas por Lusa

Cultura

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As 13 peças individuais e conjuntos para reforçar as coleções de cinco equipamentos -- cujo valor global perfaz de 428 mil euros - constam do relatório da Comissão para Aquisição de Bens Culturais para os Museus e Palácios Nacionais, divulgado hoje pela Museus e Monumentos de Portugal (MMP).

 

A este montante "há a acrescentar o valor de sete peças adquiridas pela MMP em 2024", mas que estavam integradas na "lista de propostas de 2023 que a então Direção-Geral do Património Cultural não chegou a adquirir antes da sua extinção, no montante de 654 mil euros, perfazendo os dois conjuntos de aquisições 1.114.000 euros", indicou a MMP, em comunicado.

As compras para os Museus e Palácios Nacionais contemplam uma colher sapi-portuguesa para o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, pelo valor total de 200 mil euros. Trata-se de um exemplar raro de um conjunto sobrevivente de objetos em marfim, com origem no Golfo da Guiné (sapi refere-se a povos desta região), obtidos no século XV durante a expansão, executados expressamente para o reino português.

"A colher sapi-portuguesa agora adquirida, de que existem apenas 61 exemplares, não estava representada em qualquer museu do Estado, pese embora a sua enorme importância histórica e artística. Com elementos decorativos perlados, esta colher corresponde a uma tipologia de que se conhece mais um exemplar, pertencente ao espólio do British Museum, e que é reproduzido de forma quase exata no painel 'A Morte da Virgem', do retábulo da Igreja do Paraíso (Gregório Lopes e colaboradores, 1523), da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga", descreve o relatório.

No rol de compras da comissão entrou também um conjunto de 200 chapas fotográficas de Aurélia de Souza (1866-1922) por um valor total de 48.659 euros, como anunciado pelo Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR), no Porto, em junho do ano passado.

Para o mesmo museu foi adquirida a aguarela "Cena de interior com grupo familiar da casa dos marqueses de Pombal", por um total de 67.177 euros, atribuída a Nicolas-Louis-Albert Delerive (1755-1818), "exemplar raríssimo de um retrato coletivo de uma família nobre portuguesa do século XVIII, lacuna existente no núcleo de retratos do Museu Nacional Soares dos Reis".

A pintura "Pátio do Martel", de José Malhoa, vai dar entrada também no MNSR, comprada por 20.000, "obra de grande qualidade plástica, de época relativamente recuada na produção de José Malhoa (1855-1933)".

O Palácio Nacional de Mafra irá receber uma terrina "Olha" com 'presentoir', no valor de 32 mil euros, "peça raríssima, em prata, apenas sendo conhecidas mais três exemplares", de origem portuguesa, com marca de ourives atribuível a João Frederico Ludovice (1694-1723), "uma das raras peças atribuídas a um ourives que foi também o arquiteto do Real Edifício de Mafra".

Uma partitura da "Missa Grande", de Marcos Portugal (1762-1830), foi também comprada para Mafra por 5.000 euros, por ser da autoria de "um dos principais e mais prolíferos compositores portugueses do seu tempo". Composta para solistas, coro, órgão e baixo contínuo, é uma das mais referenciadas obras de finais do século XVIII português.

O "Tríptico dos Santos Bispos" (São Tomás de Aquino e Santo Agostinho de Hipona) foi adquirido para o MNAA por 11.340 euros, produzido por uma oficina ibérica do século XVI que "pode, com alguma segurança, ser atribuído ao círculo do pintor Paolo da San Leocadio (1447-1514) e do seu filho Felipe Pablo de San Leocadio (1480-1547)".

Para o Museu Nacional da Música irão seis sarrusofones, adquiridos por 27.396,24 euros. Os sarrusofones são instrumentos de sopro patenteados e produzidos pelo fabricante francês Pierre-Louis Gautrot, em 1856, concebidos para bandas que tocassem em espaços abertos.

Um total de 520 libretos de ópera em português e italiano foram adquiridos para o Museu Nacional do Teatro e da Dança por 713 euros, considerados "muito relevantes" de espetáculos maioritariamente apresentados durante o século XIX no Real Teatro de São Carlos e no Real Teatro de São João.

Em 2024, a Comissão para Aquisição de Bens Culturais para os Museus e Palácios Nacionais foi constituída pelo presidente do conselho de administração da MMP, Alexandre Pais, e pelos diretores do Museu Nacional de Arte Antiga, do Museu Nacional do Azulejo, do Museu Nacional de Soares dos Reis e do Palácio Nacional da Ajuda.

Em 2023, primeiro ano de funcionamento da comissão -- que tem por missão "propor ao Estado a aquisição de bens culturais de excecional relevância patrimonial, considerados fundamentais para as coleções dos museus e palácios nacionais" por proposta dos respetivos diretores -- tinha obtido uma dotação de dois milhões de euros, com financiamento do Orçamento do Estado.

Em relação às novas aquisições para Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), com um montante definido de 800 mil euros, a proposta da comissão respetiva - a Comissão para a Aquisição de Arte Contemporânea para o biénio 2023/2024 - inclui um total de 51 obras de 44 artistas de várias gerações, como Albuquerque Mendes, Maria José Palla, Odete, Rita Barros, Sebastião Resende e Túia Saldanha.

Entre os artistas das obras selecionadas hoje divulgados pela MMP estão também estão Carla Cabanas, Daniela Ângelo, Gonçalo Sena, Inês Brites, Inês d´Orey, Isadora Neves Marques, Jaime Welsh, Luísa Jacinto, Maja Escher, Nuno Nunes-Ferreira, Pedro Pousada, René Tavares e Sara Mealha.

A comissão é composta por sete elementos e dela fizeram parte os artistas António Olaio, Fernanda Fragateiro e Luísa Abreu, também programadora, os curadores Luís Silva e Miguel von Hafe Pérez, assim como Emília Tavares e David Teles Pereira, representantes da área governativa da Cultura, e Sandra Vieira Jürgens, curadora da CACE.

Leia Também: Rede Aga Khan apoia a cultura em mais de 30 países incluindo Portugal

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