'Notes to John', descoberto num móvel ao lado da sua secretária, começa em dezembro de 1999, logo após Joan Didion iniciar as sessões com o psiquiatra e os relatos que faz são endereçados ao seu marido, John Gregory Dunne, que morreu em 2003.
Como Didion escreveu numa carta a um amigo, a sua família estava a passar por "anos difíceis", e foi nessa altura que começou a escrever 'Notes to John', apresentando descrições das suas sessões com o psiquiatra com detalhes meticulosos, informa a editora, em comunicado.
As sessões iniciais focavam-se em temas como alcoolismo, adoção, depressão, ansiedade, culpa e as complexidades dolorosas da sua relação com a filha, Quintana, que sofria de doença mental e alcoolismo, tendo morrido em 2005, com 39 anos.
Com o tempo, os temas abordados passaram a incluir o seu trabalho, que a escritora norte-americana considerava difícil de manter por períodos prolongados.
Este livro póstumo, que vai ser publicado em língua inglesa em abril, aborda também discussões sobre a sua infância --- os mal-entendidos e a falta de comunicação com os seus pais, a sua tendência precoce para antecipar catástrofes --- e a questão do legado, ou, como ela mesma classificou, "o que valeu a pena.
De acordo com a editora, que faz parte do grupo Infinito Particular, estas conversas foram centrais para a compreensão de Joan Didion sobre os temas que explorou nas obras tardias 'O Ano do Pensamento Mágico' e 'Noites Azuis'
Para a Cultura Editora é um "prazer trazer aos leitores portugueses 'Notes to John', uma descoberta literária extraordinária que revela Joan Didion na sua forma mais íntima e vulnerável. Publicar esta obra em Portugal é uma honra, reafirmando o legado de uma das escritoras mais brilhantes do nosso tempo".
Joan Didion nasceu em Sacramento, Califórnia, em 1934, e trabalhou como jornalista antes de publicar o seu primeiro romance, 'Run River', em 1963.
A escritora, cujos trabalhos como jornalista, ensaísta e romancista lhe trouxeram amplo reconhecimento quer nos Estados Unidos, quer noutros países onde foi traduzida, é autora de nove romances e oito livros de não-ficção.
O seu livro de memórias 'O Ano do Pensamento Mágico', publicado em Portugal em 2006, ganhou o National Book Award para não-ficção, em 2005, ano em que foi lançado nos Estados Unidos.
Nesta obra, Joan Didion inicia a sua viagem pela memória do ano mais transformador da sua vida, começando na noite em que o marido, com quem foi casada mais de 30 anos, morre de ataque cardíaco, e a sua única filha está em coma no hospital.
Referindo-se ao seu trabalho, Joan Didion disse certa vez que escrevia inteiramente para descobrir o que estava a pensar, a olhar, a ver e o que isso significava.
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