Taça de Portugal: Benfica teve glória sem festa no Jamor

 O Benfica saboreou uma "festa sem glória" na Taça de Portugal em 1995/96, admite o ex-futebolista Mauro Airez, cujo golo inaugural precedeu a morte de um adepto do Sporting, atingido com um very light disparado por um apoiante 'encarnado'.

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Lusa
24/04/2025 09:13 ‧ há 4 horas por Lusa

Desporto

Taça de Portugal

 

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"Durante bastante tempo, o que aconteceu ofuscou um bocado a importância que podiam ter dado nos títulos dos jornais à superioridade do Benfica. Falou-se imenso do incidente, que não ficou por ali, visto que teve seguimento [nos tribunais]. Não digo que a vitória do Benfica tenha passado ao esquecimento, porque uma pessoa até vai ao museu e vê lá o troféu, mas, inevitavelmente, falariam mais dessa situação", referiu à agência Lusa o ex-avançado internacional argentino, de 56 anos, que jogou nas 'águias' entre 1996 e 1997.

Em 18 de maio de 1996, sob arbitragem de Vítor Pereira, o Benfica ganhou por 3-1, com golos de Mauro Airez (nove minutos) e do capitão João Vieira Pinto (39 e 67), enquanto o suplente Carlos Xavier reduziu de penálti para os 'leões' (83), num lance em que o defesa central brasileiro Ricardo Gomes foi expulso com duplo cartão amarelo nos 'encarnados'.

"Olhei para o Sporting e via-se nos rostos dos seus jogadores uma equipa muito nervosa, que não estava focada no início do jogo. Disse ao João Vieira Pinto que iríamos ganhar. Tivemos a sorte de marcar dois golos na primeira parte, mas, tirando os últimos minutos, fomos superiores. Sentíamos a importância desse encontro, que culminava uma época atribulada e tornou-a menos má. Estávamos a melhorar, mas ficámos bem longe do que podíamos ter alcançado", frisou o reforço contratado ao Belenenses quatro meses antes.

A superioridade do Benfica no relvado passaria para segundo plano antes do apito final, por causa da morte do adepto 'leonino' Rui Mendes, que foi atingido na bancada norte do Estádio Nacional, em Oeiras, por um foguete very light disparado a partir do topo sul por Hugo Inácio, homólogo 'encarnado', por ocasião dos festejos do tento inaugural de Mauro Airez.

"Estávamos muito concentrados e não nos apercebemos de nada nessa altura. Sentimos é que passou uma coisa similar de bancada a bancada no aquecimento, mas que bateu nas árvores. Ouvia-se como se fosse um foguete a passar, uma coisa muito leve", notou.

Usado como sinal de emergência ou para iluminação temporária, o artefacto pirotécnico sobrevoou o terreno de jogo a baixa altura e alojou-se no tórax da vítima, logo após Mauro Airez ter adiantado o Benfica e festejado com o seu célebre mortal, aproveitando as defesas imperfeitas do guarda-redes 'leonino' Costinha aos remates de Calado e Ricardo Gomes.

"Não andei muito bem durante algum tempo, porque pensava que se não tivesse feito o festejo... Celebrei uns metros para o lado esquerdo da baliza do Sporting, perto da zona onde o adepto morreu. Era como se fosse um sentimento de culpa inevitável", assumiu.

Apesar dos pedidos de socorro nas hostes 'verde e brancas', com a multidão a rodear o corpo de Rui Mendes, posteriormente transportado para o hospital, e de uma reunião de emergência entre o então Presidente da República, Jorge Sampaio, e o primeiro-ministro António Guterres, a final da 56.ª edição da Taça decorreria sem paragens naquela tarde.

"Continuamos muito focados até ao intervalo. Acho que fui o primeiro da nossa equipa a aperceber-se de que tinha acontecido algo grave. Quando saio [do relvado] e começo a correr no túnel, pois era um dia de muito calor e eu estava cheio de sede, encontrei uma ambulância que ia a sair do estádio e quase me atropelou. Ao regressar para a segunda parte, viu-se que havia um clarão enorme na bancada e manchas de sangue", recordou.

O Benfica recebeu o troféu uma semana mais tarde, ao defrontar o Vitória de Guimarães num particular no antigo Estádio da Luz (1-0), mas "a festa não foi a mesma" para Mauro Airez, convicto de que "algo assim não acontecia hoje" e levaria à suspensão imediata do jogo.

"Com estes acontecimentos, a segurança tinha de crescer. Há partidas de alto risco, mas não acontecem só em Portugal e eu sou de um país em que o alto risco significa mesmo isso. [A organização logística] Está bem melhor. A rivalidade existe há muitos anos e vai perdurar. Às vezes, pode haver cânticos que ferem e não deviam ser entoados, mas não há ambientes perfeitos no futebol. Se houver, deve ser no Principado do Mónaco", atirou.

Passados 29 anos, e numa fase em que seguem em igualdade pontual na liderança da I Liga a quatro jornadas do fim, com supremacia 'verde e branca' no confronto direto e na diferença de golos, os rivais vão encontrar-se numa final da Taça de Portugal pela nona ocasião em 25 de maio, após seis triunfos 'encarnados' e dois dos campeões nacionais.

"Essa memória virá ao de cima, porque se vai falar no assunto e é inevitável. Se as duas equipas chegarem no seu pleno, sem muitas lesões e focadas, haverá um grande jogo. Ambas estão muito equiparadas. Até a própria arbitragem terá muito peso e um jogo de grande pressão por tudo o que tem acontecido desde o início do campeonato", pressagiou.

 

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