"Havia uma narrativa de que o Conselho Nacional não teria lugar. É uma pura mentira, o presidente da Renamo nunca esteve na contramão da realização do Conselho", disse o presidente do Conselho Jurisdicional do partido, Arnaldo Chalaua, assegurando que se trata de um direito "interno" dos membros e reconhecendo que o evento deve acontecer duas vezes por ano.
"Neste momento, o presidente do partido se abre de forma clara e inequívoca de que sim, vamos à realização de um Conselho Nacional em estrito respeito aos estatutos internos, estando neste período a serem mobilizados meios financeiros para que esta atividade decorra", acrescentou.
A polícia foi chamada em 26 de novembro à sede nacional da Renamo, em Maputo, após antigos guerrilheiros da maior força da oposição, contestatários do líder do partido, Ossufo Momade, na sequência das eleições gerais, terem protestado nas instalações.
"Quem chamou a polícia ainda nos interessa saber e com que intenção (...). Nós chegámos e pedimos que a polícia não entrasse nas premissas da Renamo, porque afinal de contas não há necessidade de haver polícia para resolver um problema que está dentro de casa. E como viu, uma hora e meia, duas horas, o assunto está resolvido", explicou o deputado Muhamad Yassine, à porta da sede do partido.
Entre outros pontos, os ex-guerrilheiros exigem a realização, ainda este ano, do segundo Conselho Nacional coberto legalmente pelos estatutos, facto reconhecido pelo também deputado Arnaldo Chalaua, que assegurou, em conferência de imprensa em Maputo, que o evento vai se realizar, entretanto, sem avançar data e nem local.
"Terá lugar ainda o local por indicar, queríamos era deixar claro e de forma inequívoca que sim, terá lugar", declarou, referindo que a atividade está, igualmente, refém da proclamação dos resultados pelo CC, matéria que deverá ser debatida no encontro.
"Fará sentido realizar um Conselho Nacional para analisar a primeira agenda que tem a ver com eleições. Só poderá ter lugar depois de percebermos como decorreram estas eleições, porque o direito constitucional foi posto em causa", avisou Chalaua.
Em face das contestações ao líder da Renamo, Ossufo Momade, Chalaua pediu aos membros do partido o "cumprimento dos estatutos e de regulamentos internos" em relação às exigências da realização de um encontro nacional de membros, exigindo-lhes "disciplina" para assegurar o funcionamento normal do partido.
Depois de apelar à "calma e paciência", Chalaua defendeu que "ninguém, seja quem for, deve obstruir a atividade política nas instalações da Renamo".
Ossufo Momade assumiu a liderança da Renamo após a morte do líder histórico e fundador do partido Afonso Dhlakama (1953--2018) e foi também candidato nas eleições gerais de 09 de outubro de 2024 ao cargo de Presidente da República.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo (Frelimo) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, resultados que ainda carecem da validação do Conselho Constitucional, mas que não são reconhecidos por nenhum dos restantes três candidatos, entre acusações de fraude eleitoral.
Venâncio Mondlane, ex-deputado da Renamo e apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos, seuindo-se Ossufo Momade, com 403.591 votos (5,81%), e Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceiro partido parlamentar), com 223.066 votos (3,21%).
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