A ilha grega de Santorini tem registado centenas de sismos nos últimos três dias. Ao início da tarde desta terça-feira chegou mesmo a haver um terramoto de magnitude 5,2, o mais forte até agora. Ainda assim, são vários os turistas e habitantes que recusam sair, querendo aproveitar o facto de a ilha estar com bastante menos pessoas do que é habitual, mesmo para a época baixa.
É o caso de Joseph Liu, de Guangzhou, no sul da China. Há anos que queria visitar Santorini, depois de ter visto a ilha num documentário. Agora conseguiu ir, com a família e outro grupo de turistas, e não se deixa assustar com os constantes sismos.
"Este sítio é fantástico, muito bonito. Tal como vi no programa. O mistério, a paisagem. O guia turístico falou-nos dos terramotos antes de virmos, por isso não foi uma surpresa", contou Joseph Liu à agência noticiosa AFP.
Já Panagiotis Hatzigeorgiou, polícia reformado e trabalhador naval, que vive em Santorini há mais de 30 anos, recusou a ajuda de familiares, que se ofereceram para o receber em Atenas.
"Os residentes mais antigos estão habituados aos terramotos, mas desta vez é diferente. Não é a mesma coisa ter terramotos de dois em dois ou de três em três minutos. O mais importante é não nos preocuparmos. Agora podemos ouvir música sozinhos e tomar café sozinhos", justificou Panagiotis Hatzigeorgiou.
Milhares de residentes, trabalhadores sazonais e turistas abandonaram as ilhas Cíclades, nos últimos dias, devido às centenas de sismos que se têm registado na região vulcânica. Perante esta situação de exceção, diversas empresas de transportes aumentaram os serviços para conseguir corresponder à elevada procura.
Só nas últimas 48 horas, cerca de seis mil pessoas abandonaram Santorini, disseram as autoridades da Grécia.
Cerca de 4.640 passageiros embarcaram em quatro ferries que deixaram a ilha vulcânica desde domingo, segundo um levantamento da guarda costeira grega divulgado pela AFP.
Os sismos provocaram fissuras em alguns edifícios antigos mas, até ao momento, não foram registados feridos. No entanto, esta sexta-feira foram fechadas escolas em 13 ilhas.
Todas as escolas de Santorini, Amorgos e ilhas vizinhas vão permanecer encerradas até sexta-feira, mas as autoridades insistem que as medidas tomadas até agora são preventivas.
No caso concreto de Santorini foram cancelados eventos públicos, proibidos trabalhos de construção civil em determinadas zonas e restringidas as viagens para a ilha.
O chefe da Organização Estatal de Planeamento e Proteção contra Terramotos, Efthimios Lekkas, afirmou que o epicentro dos sismos, no Mar Egeu, está a deslocar-se para norte, afastando-se de Santorini e que não há qualquer relação com os vulcões adormecidos da região.
"Isto pode durar vários dias ou várias semanas. Não somos capazes de prever a evolução da sequência no tempo", acrescentou Efthimios Lekkas.
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