"Estamos prontos para fornecer à Síria todo o apoio necessário na sua luta contra todas as formas de terrorismo, seja o Daesh (a sigla árabe para Estado Islâmico) ou o PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, destacou Erdogan, em declarações aos jornalistas.
O chefe de Estado turco reiterou o desejo da Turquia de "preservar a integridade e a unidade territorial" da Síria, referindo-se ao nordeste do país onde as forças curdas, apoiadas por Washington, estabeleceram uma administração autónoma.
O Presidente turco não voltou a abordar a proposta turca de ajudar a treinar o novo Exército sírio.
Mas enfatizou a importância de acabar com a "ocupação do norte e leste da Síria por grupos terroristas", referindo-se à milícia curdo-síria Unidades de Proteção Popular (YPG).
Para isso, ofereceu o apoio da Turquia, incluindo na gestão dos campos de internamento de antigos militantes do Estado Islâmico, que são geridos pela milícia curda.
Al-Charaa não comentou a oferta, declarando apenas o seu interesse na "cooperação em questões de segurança" e referindo que "discutiram as ameaças no norte e leste da Síria".
Desde novembro que decorrem combates violentos entre forças curdas, inimigas de Ancara, e fações pró-turcas no norte da Síria.
Um ataque com um carro armadilhado não reivindicado fez pelo menos vinte mortos na segunda-feira.
O novo líder sírio, que visitou Ancara com o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Assaad al-Chaibani pediu, no entanto, um "aumento da pressão internacional sobre Israel para que recue para as fronteiras de 1967".
Al-Charaa, que realizou a sua segunda viagem oficial depois da Arábia Saudita, convidou o Presidente turco a visitar Damasco "na primeira oportunidade", desejando "reforçar e promover o comércio e os investimentos" entre a Turquia e o seu país.
Erdogan garantiu estar "preparado para prestar o apoio necessário para a reconstrução de cidades devastadas e de infraestruturas críticas na Síria", que foi atingida por mais de uma década de guerra.
O governante turco abordou também a questão dos cerca de três milhões de refugiados sírios que vivem em solo turco, dizendo que os regressos à Síria "ganharão força à medida que a recuperação económica da Síria acelerar".
Neste sentido, apelou ao levantamento total das sanções internacionais contra a Síria, de forma a facilitar a reconstrução do país.
Mais de 80 mil sírios deixaram a Turquia para regressar a casa desde a queda de Bashar al-Assad, mas os regressos podem acelerar nos próximos meses, de acordo com a agência da ONU para os refugiados (ACNUR).
Leia Também: Antigo ministro do Interior entrega-se às novas autoridades sírias