Em abril do ano passado, a justiça espanhola reabriu o caso da espionagem do telemóvel do líder do Governo, Pedro Sánchez, e mais três ministros com o programa informático Pegasus, depois de ter recebido novos dados das autoridades de França.
Agora, e segundo um comunicado da Audiência Nacional divulgado hoje, o juiz que tem a tutela desta investigação pediu maior cooperação a França, nomeadamente, "um intercâmbio mais alargado de informação".
O juiz pediu, em concreto, as informações que a empresa israelita NSO Group, que desenvolveu o Pegasus, forneceu a França sobre o funcionamento do 'software', no âmbito de uma investigação levada a cabo neste país pela Agência Nacional Francesa de Segurança dos Sistemas Informáticos.
O magistrado pediu já no passado informações à empresa NSO Group e a Israel, mas não obteve resposta, pelo que voltou a enviar uma carta rogatória com as mesmas solicitações dirigida às autoridades de Telavive, segundo o comunicado hoje divulgado.
O programa Pegasus já foi usado para espionagem de mais de mil pessoas em 50 países, incluindo ativistas e jornalistas, de acordo com peritos da área da segurança e uma investigação jornalística de meios de comunicação social de vários países de 2021.
Em França, o Presidente do país, Emmanuel Macron, e vários ministros foram espiados com o Pegasus.
Em Espanha, o Governo revelou em maio de 2022 que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, a ministra da Defesa, Margarita Robles, o ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska, e o ministro da Agricultura, Luis Planas, tinham sido espiados pelo mesmo 'software', num "ataque externo" cujo perpetrador permanece desconhecido.
A justiça espanhola investigou inicialmente quase durante um ano este caso, antes de determinar o arquivamento pela falta de cooperação de Israel.
A investigação acabou por ser reaberta em abril de 2024, na sequência de informações recebidas de França, cujas autoridades pediram informações à empresa NSO e dirigiram pedidos de cooperação judicial a Israel e aos Estados Unidos.
Além do caso que envolve os membros do Governo, há um outro em Espanha, ainda em investigação, relacionado com separatistas catalães espiados com o Pegasus.
A espionagem de 18 políticos catalães independentistas, com autorização judicial, foi confirmada pela anterior chefe dos serviços secretos espanhóis, Paz Esteban, demitida do cargo pelo Governo em 2022.
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