Este território autónomo do Reino da Dinamarca, que realiza eleições em 11 de março, tem estado no centro das atenções nas últimas semanas devido ao interesse do Presidente dos EUA, o republicano Donald Trump, em adquirir este território, dando a entender que, caso contrário, poderá adotar represálias contra Copenhaga.
"Estou a contar que isso aconteça na próxima sessão legislativa. Mas tem de ser numa base firme para que a população não tenha dúvidas sobre as consequências. Temos um estado de bem-estar social que precisa de funcionar, há vários aspetos económicos a observar", frisou Jensen, durante uma entrevista à televisão pública dinamarquesa DR.
A posição oficial até agora do Siumut, o partido que historicamente tem dominado a Gronelândia desde que aprovou o seu primeiro estatuto de autonomia em 1979, era de aguardar pela opinião de uma comissão que estuda o caminho legal para a independência.
O novo Estatuto de Autonomia aprovado trinta anos mais tarde reconheceu o direito à autodeterminação e o artigo 21 estabelece os passos a seguir para a independência.
"Podemos fazer algo em paralelo, podemos ativar o parágrafo 21 e abrir negociações com o Governo dinamarquês. É isso que vamos defender na campanha", sublinhou Jensen.
A Gronelândia quer receber da Dinamarca um tratamento igualitário, acrescentou Jensen, criticando o tratamento injusto dado a muitos dos seus compatriotas
O Siumut (social-democrata), o segundo maior partido com 29,5%, está num Governo de coligação há três anos com a IA (socialistas) do presidente regional Múte B. Egede, que também é pró-independência, mas defende um processo a longo prazo.
De acordo com um inquérito recente do diário dinamarquês Berlingske e do diário groenlandês Sermitsiaq, 56% da população desta ilha do Ártico (cerca de 57.000 habitantes) com uma área superior a 2 milhões de quilómetros quadrados (80% dos quais permanentemente cobertos de gelo) deseja a independência.
Mas 45% destes são contra a separação da Dinamarca se isso significar uma queda no seu nível de vida, e 85% não querem fazer parte dos Estados Unidos, de acordo com a mesma sondagem.
Tanto o Governo da Gronelândia como o da Dinamarca sublinharam nas últimas semanas que serão os groenlandeses a decidir o seu futuro, mas mostraram-se abertos a aumentar a defesa e a cooperação económica com os Estados Unidos, de olhos postos na riqueza mineral da ilha, a maior do mundo.
A maioria dos partidos groenlandeses apoia a independência, mas divergem quanto ao prazo.
Metade do orçamento da ilha depende da ajuda anual de Copenhaga e as tentativas de aumentar os rendimentos da sua riqueza mineral e petrolífera falharam até agora devido às dificuldades e aos elevados custos de extração.
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