"O total da dívida pendente da administração orçamental central a 31 de dezembro de 2023 representava 99,67% do PIB", uma taxa superior ao montante anunciado anteriormente pelo governo, refere o relatório citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
O relatório dos juízes vai determinar as futuras relações financeiras entre o Senegal e vários parceiros financeiros internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), e foi pedido pelo primeiro-ministro, Ousmane Sonko, que acusou o antigo Presidente senegalês de ter falsificado as contas públicas, particularmente os dados relativos ao défice orçamental e à dívida, junto dos parceiros internacionais.
O défice orçamental anunciado pelo anterior governo "é inferior ao reconstruído pelo Tribunal", acrescenta-se noutra passagem do relatório, que aponta que os juízes chegaram a um défice de 12,3% em 2023, quando o que estava inscrito nos números oficiais era 4,9%.
No final de dezembro, Sonko tinha descrito o estado das finanças públicas como "catastrófico", apontando para um défice orçamental de 10,4% do PIB e uma dívida pública que representa 76,3% do PIB.
O Tribunal afirma ter constatado "discrepâncias no saldo da dívida pública, anomalias no sobrefinanciamento de projetos realizados pelo Estado e deficiências na gestão dos seus depósitos bancários", e aponta ainda "dívidas bancárias significativas contraídas fora do circuito orçamental" e "não registadas nas contas do Estado", bem como "levantamentos de recursos externos superiores aos declarados" pelo anterior governo.
Um porta-voz do FMI confirmou à AFP, no início de novembro, que o Fundo tinha suspendido o seu atual programa de ajuda "enquanto aguarda a validação pelo Tribunal de Contas senegalês do relatório de auditoria", e disse que o FMI não iniciaria conversações sobre um novo programa "até a situação ser esclarecida pelas autoridades".
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