Papa aceita demissão de bispo que terá ignorado casos de abuso no Peru

Durante os anos em que o arcebispo Miguel Cabrejos esteve à frente da conferência episcopal peruana, o movimento católico peruano, Sodalitium Christianne Vitae, foi acusado de abuso sexual, de ameaçar jornalistas e de plantar esquemas para tirar aos camponeses as suas terras no norte do Peru. 

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© TIZIANA FABI/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
12/02/2025 19:44 ‧ há 2 horas por Notícias ao Minuto

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O Papa Francisco aceitou, na terça-feira, a demissão de um bispo peruano que tem estado debaixo de críticas por não fazer o suficiente para parar os abusos cometidos por um movimento católico conservador recentemente dissolvido pelo Vaticano.

 

O arcebispo Miguel Cabrejos, da diocese de Trujillo, vai ser substituído pelo bispo jesuíta Gilberto Vizcarra, de acordo com a Associated Press, que cita a Conferência Episcopal do Peru, acrescentando que não foi dada uma razão para a decisão do Sumo Pontífice.

Durante os anos que o arcebispo esteve à frente da conferência episcopal, o movimento católico peruano, Sodalitium Christianne Vitae, foi acusado de abuso sexual, de ameaçar jornalistas e de plantar esquemas para tirar camponeses das suas terras no norte do Peru. 

As vítimas deste movimento acusaram Miguel Cabrejos de fechar os olhos a estas práticas. 

"Era indiferente às vítimas", disse o jornalista e antigo membro do movimento, Pedro Salinas, que publicou um livro sobre os abusos do grupo e que desencadeou várias investigações.

Em 2017, um relatório pedido pelo grupo determinou que o fundador, Luis Figar, tinha sodomizado recrutas e submeteu-os a abusos psicológicos e outros abusos. 

Numa tentativa de reforma, o Papa Francisco enviou dois dos seus homens de confiança, o arcebispo Charles Sciclina e o Monsenhor Jordi Bertomeu, para investigar os abusos do Sodalitium. Foram descobertos abusos "sádicos" de poder, autoridade e espiritualidade, abusos económicos na administração do dinheiro da Igreja e casos de assédio a críticos. 

O relatório de 2023, de Bertomeu e Scicluna, resultou na expulsão de Figari, no ano passado, e de outros dez membros, incluindo um arcebispo que tinha processado o jornalista Pedro Salinas e a jornalista Paola Ugaz pelas suas reportagens, tendo sido forçado a reformar-se mais cedo. 

Já numa entrevista recente, o arcebispo Miguel Cabrejos afirmou que a Conferência Episcopal do Peru tem vindo a alertar o Vaticano dos abusos cometidos pelo movimento católico conservador desde 2015, alegando que os enviados do Papa ao Peru basearam as suas descobertas em informações que já haviam sido reunidas por líderes da igreja peruana há vários anos. 

Miguel Cabrejos foi presidente da Conferência Episcopal peruana até janeiro, tendo estado nesse cargo durante 12 anos. Num comunicado, publicado no ano passado, o arcebispo revelou que tinha entregue a sua demissão ao Vaticano, em 2023, uma vez que as leis da Igreja Católica pedem aos bispos que se prepararem para a aposentadoria aos 75 anos.

O movimento católico conservador foi fundado em 1971, tendo sido dissolvido pelo Papa Francisco em janeiro. Foi um grupo que, no seu auge, contou com centenas de membros da América Latina e dos Estados Unidos e foi muito influente no Peru. Estava sediado em Denver, nos Estados Unidos. 

Leia Também: Papa volta a ser substituído na leitura da catequese devido à bronquite

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