"O presidente precisa de reequilibrar o comércio global. Todos têm um excedente comercial, e nós temos um défice comercial (...). Os países de todo o mundo estão a roubar-nos, e isso tem de parar", disse Howard Lutnick, citado pela CBS News.
A declaração surge momentos depois de o diretor do Conselho Económico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, terem dito que mais de 50 países afetados pela política tarifária de Trump falaram com o Presidente para discutir as negociações sobre as tarifas.
Segundo Lutnick, isto só mostra que "todos estes países sabem que nos estão a enganar".
O secretário do Comércio afirmou que os EUA dependem de medicamentos e semicondutores fabricados no estrangeiro e realçou que o país deve começar a defender-se e deixar de ser "enganado por todos os países do mundo".
A tarifa global de 10% anunciada por Trump na semana passada entrou em vigor às 00:01, hora do leste (04:01 TMG) de sábado, uma medida que ameaça perturbar ainda mais os mercados bolsistas internacionais.
A lista de encargos incluía ainda territórios como a Ilha Heard e as Ilhas McDonald, um arquipélago autónomo da Austrália desabitado por humanos e sem atividade económica, que alberga focas e pinguins, e as Ilhas Cocos, outro arquipélago australiano com cerca de 600 habitantes.
Lutnick justificou a inclusão destes locais dizendo que se os EUA deixarem "algo de fora da lista, os países vão usar estes territórios" para os atacar, como disse que a China fez depois das tarifas de 2018, pelo que a ideia é fechar "estas brechas ridículas".
Por seu lado, Pete Navarro, conselheiro comercial e industrial do Presidente Trump, criticou hoje Elon Musk, depois de o multimilionário ter declarado que é favorável à eliminação de todas as tarifas com a União Europeia (UE).
"O que acho importante perceber sobre o Elon é que ele vende veículos. É isso que ele faz", disse Navarro, na estação televisiva Fox News. "Ele está simplesmente a proteger os seus próprios interesses, como qualquer empresário faria", acrescentou.
O conselheiro de Trump opinou que o empresário "não compreende" que o resto do mundo está a "enganar" os Estados Unidos com o comércio.
Navarro observou que a Tesla, empresa de Musk, utiliza componentes da China, México, Japão e Taiwan, entre outros locais, para fabricar os seus veículos.
O que o plano tarifário de Trump procura, continuou o consultor, é reavivar a indústria nacional em locais como Detroit, no Michigan, o antigo berço da indústria automóvel.
Apesar de tudo isto, Navarro negou que tenha havido um "conflito" com Musk, que dirige o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), responsável pelo corte de despesa pública na administração Trump, e afirmou que Musk está a fazer um "grande" trabalho no DOGE.
Os comentários do conselheiro comercial de Trump surgem após Musk ter defendido o comércio livre no sábado e ter expressado a sua esperança de que os Estados Unidos e a Europa pudessem estabelecer uma aliança comercial mais estreita com "tarifas zero".
"Espero que os Estados Unidos e a Europa possam estabelecer uma parceria muito estreita. Obviamente, já existe uma aliança, mas espero que seja muito forte", disse, em videoconferência, num evento para um clube de futebol da Liga italiana.
Esta é a primeira vez que Musk se distancia da administração Trump, sobre a qual demonstrou até agora poder e influência significativos.
Trump intensificou a sua guerra comercial com o resto do mundo na quarta-feira ao impor uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, aumentando para 20% no caso da UE.
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