"O retorno de Edan Alexander é o resultado de comunicações sérias com o governo norte-americano e dos esforços de mediadores, e não uma consequência da agressão israelita ou da ilusão de pressão militar", disse o movimento islamita palestiniano num comunicado.
Pouco depois da libertação, na segunda-feira, Netanyahu defendeu que a libertação do refém israelo-norte-americano foi conseguida graças a uma "combinação vencedora" de pressão militar israelita e política exercida pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e considerou que se tratou de "um momento muito emocionante".
Num vídeo distribuído pelo seu gabinete, Netanyahu informou que falou com Trump e que o líder da Casa Branca disse estar "comprometido com Israel" e em trabalhar com o seu Governo "em estreita cooperação".
Segunda-feira, ao justificar a libertação, o Hamas referiu que "faz parte dos esforços contínuos dos mediadores para alcançar um cessar-fogo" e permitir a entrada de ajuda humanitária no território.
O Hamas reiterou que "negociações sérias" levarão à libertação de mais reféns, mas avisou que a "continuação da agressão prolongará o seu sofrimento" e poderá mesmo matá-los.
Os meios de comunicação locais mostraram imagens de viaturas da Cruz Vermelha a dirigirem-se para o ponto de recolha de Edan Alexander na Faixa de Gaza, uma entrega que decorreu sem cerimónias públicas ou qualquer tipo de publicidade, ao contrário de libertações de reféns anteriores.
O Exército israelita confirmou que foi notificado pela Cruz Vermelha de que recebera um refém e que estava a caminho para o entregar na Faixa de Gaza.
Posteriormente, indicou que "o soldado Edan Alexander atravessou a fronteira para território israelita".
A libertação acontece como um gesto do Hamas em relação aos Estados Unidos, um dos mediadores do conflito entre Israel e o grupo islamita, após contactos com representantes de Washington.
Coincide também com a viagem a Israel, realizada segunda-feira, do enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e com a véspera do início da viagem do Presidente norte-americano, Donald Trump, a vários países do Médio Oriente.
No comunicado, o Hamas manifestou disponibilidade para "iniciar imediatamente negociações para chegar a um acordo abrangente para um cessar-fogo sustentável", que incluiria a retirada do Exército israelita do enclave palestiniano, bem como "o fim do cerco", a troca de prisioneiros e a reconstrução da Faixa de Gaza.
"Instamos a administração Trump a continuar os seus esforços para pôr fim a esta guerra brutal travada pelo criminoso de guerra Netanyahu contra crianças, mulheres e civis indefesos na Faixa de Gaza", assinalou o Hamas.
Após uma trégua de dois meses que permitiu a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos no início do ano, Israel retomou a ofensiva contra o Hamas a 18 de março, afirmando que pretendia forçá-lo a libertar os reféns ainda detidos na Faixa de Gaza desde o ataque sem precedentes de 07 de outubro de 2023.
Depois de semanas de negociações minuciosas, as conversações indiretas entre Israel e o Hamas não produziram até agora qualquer resultado, com as partes a acusarem-se mutuamente de bloquear o processo.
Das 251 pessoas raptadas em Israel durante o ataque do Hamas que desencadeou a guerra há mais de um ano e meio, 57 continuam detidas em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita.
O Hamas mantém também os restos mortais de um soldado israelita morto durante uma guerra anterior em Gaza, em 2014.
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