Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste com insegurança alimentar aguda

Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste, os três países lusófonos estudados no relatório anual da Rede Mundial contra as Crises Alimentares (GNAFC) deste ano, enfrentaram em 2024 níveis elevados de insegurança alimentar aguda.

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Lusa
16/05/2025 11:31 ‧ há 11 horas por Lusa

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Em Moçambique, na África Austral, 4,9 milhões de pessoas, ou 24% da população analisada, enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 105 dos 156 distritos do país durante a época de escassez, segundo o estudo hoje publicado. 

 

De acordo com a análise, estes números são uma "conjugação da violência que assola o país", principalmente na região norte, em Cabo Delgado, "de eventos climáticos extremos" e de "crises económicas".

A seca provocada pelo fenómeno El Niño, associado a temperaturas elevadas, comprometeu a campanha agrícola de 2023-2024, ao mesmo tempo que inundações e tempestades tropicais --- como o ciclone Chido e a tempestade Filipo --- danificaram dezenas de milhares de hectares de culturas e infraestruturas, segundo dados do estudo.

Famílias vulneráveis esgotaram os seus 'stocks' alimentares precocemente e passaram a depender do mercado já no início da época de escassez.

O conflito prolongado em Cabo Delgado estabilizou-se na segunda metade de 2024. No entanto, ataques intermitentes continuaram a ocorrer, dificultando o acesso a terras agrícolas, perturbando mercados e trocas comerciais, e reduzindo a disponibilidade de alimentos, lamentou.

Na Guiné-Bissau, o principal fator de crise foi económico.

Cerca de 100 mil pessoas, o equivalente a 7% da população, enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 2024, devido à inflação persistente e, por exemplo, à quebra no preço da castanha de caju --- principal produto de exportação ---, que ficou 24% abaixo da média dos últimos cinco anos, afetando os rendimentos familiares, especificou.

O documentou explicou que, embora a precipitação tenha sido suficiente para as culturas cerealíferas, a região de Gabú (leste) registou perdas devido a períodos de seca.

No norte da região de Oio (centro-norte), o défice de chuvas em agosto prejudicou as culturas de arroz.

Por isso, "a produção total de cereais de 2024 foi, ainda assim, estimada em 13% acima da média quinquenal", saudou.

Em Timor-Leste, nação lusófona na Ásia, o cenário também se agravou.

"Cerca de 400.000 pessoas, ou 27% da população, enfrentaram insegurança alimentar aguda no período pós-colheita, um aumento face aos 260 mil do ano anterior", alertou.

Destas, 20.000 estavam em situação de emergência (Fase 4 IPC), citou.

A investigação salientou ainda que o impacto combinado da seca induzida pelo El Niño e das chuvas intensas causadas pela La Niña reduziu drasticamente a produção de arroz e milho --- respetivamente 23% e 14% abaixo da média dos últimos cinco anos.

De uma forma geral, o documentou indicou que os preços dos alimentos subiram devido a quebras de produção internas e restrições à exportação de arroz por parte da Índia. Como cerca de 60% das necessidades de cereais são satisfeitas por importações, a dependência externa expôs o país a choques nos preços, com o arroz a subir 11% em dezembro face ao ano anterior.

Em 2024, mais de 295 milhões de pessoas, ou seja, 22,6% da população analisada, enfrentavam níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 53 dos 65 países/territórios selecionados para o relatório, sendo este o sexto aumento anual consecutivo, explicou.

Leia Também: Pessoas em níveis elevados de insegurança alimentar aguda aumentam

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