Melhorar liberdade de imprensa em Timor-Leste deve ser "esforço de todos"

Jornalistas timorenses defenderam à Lusa que a liberdade de imprensa em Timor-Leste ainda precisa de melhorias e que tem de ser feito um esforço por todos para melhorar o acesso à informação, a começar pelos membros do Governo.

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Lusa
18/05/2025 08:33 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Timor-Leste

Segundo o último relatório do ranking mundial da liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras, em 2025 Timor-Leste ocupou a 39.ª posição entre 180 países, caindo 19 posições em relação a 2024, quando se encontrava no 20.º lugar.

 

Em 2023, Timor-Leste ocupava o 10.º lugar.

Para Cândido Alves, jornalista da Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL) e atual presidente da Press Union Club de Timor-Leste, aos "olhos do mundo" o país parece ser um país livre no que diz respeito à imprensa, mas "há aspetos que ainda precisam de melhorias".

"É por isso que muitas vezes digo aos governantes que melhorar o índice de desempenho da liberdade de imprensa não depende apenas do esforço dos jornalistas, exige cooperação de todos os setores, nomeadamente económico, social, político e de segurança", disse Cândido Alves.

O jornalista salientou que é na área política que muitas vezes enfrentam dificuldades para, por exemplo, confirmar informações.

"A contribuição do Estado para que os jornalistas tenham acesso a fontes difíceis é também um contributo para a liberdade de imprensa em Timor-Leste. Por isso, pedimos aos governantes que não se escondam, nem fujam dos jornalistas quando estes precisam de dados. Isso é importante", explicou.

Cândido Alves lamentou também os baixos salários pagos aos jornalistas.

Admitindo que os lucros dos órgãos de comunicação social são baixos, o jornalista afirmou que não se pode pagar apenas o salário mínimo de 115 dólares (cerca de 102 euros).

"Isso é extremamente difícil e tem impacto no desempenho do nosso índice de liberdade de imprensa", afirmou.

Para o jornalista veterano do jornal Suara Timor Loro Sae Micael Malimau, ainda existem lacunas que precisam de ser melhoradas, apesar de já terem passado 23 anos desde a restauração da independência, que se assinalam na terça-feira.

"Penso que o papel do jornalista é fundamental. No entanto, a realidade mostra que ainda há impedimentos por parte do Governo sempre que os jornalistas tentam cumprir essas funções", disse Mikael Malimau.

O jornalista deu o exemplo da detenção, no ano passado, de uma jornalista pelas forças de segurança o ano passado quando fazia a cobertura de despejos em Díli.

"Na minha perspetiva, a liberdade de imprensa está em curso, mas, na prática, ainda há impedimentos por parte dos governantes. Por isso digo que, embora exista liberdade de imprensa, ela ainda enfrenta entraves", salientou.

Já o jornalista do Grupo Media Nacional (GMN), Oki Ganna, afirmou que há liberdade de imprensa, mas não é plena.

"Liberdade de imprensa é liberdade para os jornalistas fazerem a cobertura de temas de interesse público sem serem pressionados, ameaçados ou atacados", disse, salientando que isso inclui também acesso a dados, fontes e documentos públicos.

"A liberdade de imprensa é a liberdade de fazer perguntas sem sermos humilhados, mas, na realidade, nada disto acontece em Timor-Leste", afirmou.

Leia Também: Provedor timorense pede que denunciem restrições à liberdade de imprensa

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