"Não há justificação para estas ações, que desafiam claramente o direito internacional e humanitário, incluindo a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio", afirmou o comité, em comunicado.
O grupo de peritos da ONU citou relatos de que mais de 100 crianças morreram em ataques israelitas em Gaza, na semana passada, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que cerca de 50 morreram devido a falta de alimentos, e 71.000 podem morrer no espaço de um ano.
O Comité instou ainda a comunidade internacional a pressionar Israel para que ponha fim aos bloqueios à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, em vigor já há mais de dois meses e meio.
O Governo israelita bloqueou a entrada de ajuda humanitária no território a 02 de março, depois de 42 dias de cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, no início do ano, altura em que 4.000 camiões de ajuda entravam no território todas as semanas, indicou a ONU.
No domingo e face à pressão da comunidade internacional, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que ia autorizar a entrada de uma "quantidade básica de alimentos destinados à população, a fim de evitar o desenvolvimento da fome na Faixa de Gaza", mas, até agora, só terão entrado menos de 100 camiões.
Na terça-feira, o líder do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Tom Fletcher, alertou para a possibilidade de 14 mil bebés em Gaza poderem morrer em 48 horas devido ao atraso na chegada de ajuda humanitária.
O número decorre, disse o responsável da ONU em declarações à Rádio 4 da BBC, de uma avaliação feita pelas equipas do OCHA no terreno.
A quantidade de ajuda que Israel está a permitir entrar em Gaza "é lamentável", disse Tom Fletcher, reiterando que a autorização de entrada de nove camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, após 11 semanas de bloqueio, é "uma gota de água no oceano".
Na semana passada, a ONU explicou que tinha camiões carregados com 171.000 toneladas de alimentos à espera de serem autorizados a entrar.
As agências da ONU e as organizações não-governamentais (ONG) que trabalham em Gaza têm vindo, há várias semanas, a assinalar a escassez de alimentos, água potável, combustível e medicamentos no território palestiniano, em guerra há mais de 19 meses.
"Dois milhões de pessoas estão a passar fome" em Gaza, enquanto "toneladas de alimentos estão bloqueadas na fronteira", lamentou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A guerra na região começou na sequência de um ataque do Hamas ao território israelita, realizado a 07 de outubro de 2023, que causou a morte de mais de 1.200 pessoas do lado israelita e no sequestro de 251 pessoas pelo grupo islamita.
A campanha de represálias militares de Israel já provocou a morte de mais de 53.000 pessoas em Gaza, a maioria das quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas.
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