Estados Unidos acusam ONU de "hipocrisia" por críticas a ajuda a Gaza

O Departamento de Estado norte-americano rejeitou esta terça-feira críticas da ONU, que qualificou de "cúmulo da hipocrisia", à ajuda humanitária a Gaza através de uma fundação humanitária recém-criada com apoio de Washington.

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Lusa
27/05/2025 20:55 ‧ ontem por Lusa

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lamentável, porque a preocupação aqui é entregar ajuda a Gaza e, de repente, estamos a queixar-nos da forma como está a ser entregue e da natureza das pessoas que o estão a fazer", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, citada pela agência AFP.

 

"Isto é o cúmulo da hipocrisia", acrescentou, em resposta às críticas da ONU.

A ONU descreveu hoje como "de partir o coração" as imagens da distribuição de alimentos que a Fundação Humanitária de Gaza, criada pelos Estados Unidos e sem a aprovação das Nações Unidas, lançou hoje em Gaza por iniciativa própria.

Falando em nome do secretário-geral da ONU, António Guterres, o porta-voz Stéphane Dujarric reiterou que a ONU "não estava envolvida" na operação.

Embora sem fornecer mais detalhes, o porta-voz referiu-se a imagens de centenas de pessoas que invadiram uma das áreas de distribuição de ajuda administradas pela fundação, perto de Rafah, no sul do enclave palestiniano.

A nova Fundação Humanitária de Gaza (GHF) disse, em comunicado, que "a certa altura da tarde, o volume de pessoas no ponto de distribuição era tal que a equipa da GHF teve de se retirar para permitir que um pequeno número de habitantes de Gaza recebesse a ajuda em segurança e se dispersasse".

Dujarric insistiu que a ONU "não tem confirmação independente do que aconteceu nesses pontos de distribuição", uma vez que a sua organização "não estava lá" e, portanto, só pode confiar no que viu nos "vídeos" que circulam, mas explicou o motivo do seu desconforto.

"Para nós, a ajuda humanitária deve ser distribuída de forma segura e protegida, sob os princípios de independência e imparcialidade, como sempre fizemos", afirmou Dujarric, advogando que a iniciativa desta fundação criada pelos Estados Unidos e com apoio israelita não cumpre esses parâmetros.

"Vimos o plano deles, o que eles publicaram e o que nos apresentaram, e isso não foi feito dentro dos parâmetros que atendem aos nossos princípios e que se aplicam de Gaza, ao Sudão e à Birmânia", enfatizou.

A fundação norte-americana foi criticada desde o início pela ONU por operar em lugares onde um cessar-fogo nem sequer foi declarado, por trabalhar de acordo com as exigências do exército israelita e por deixar muitas mulheres e crianças de fora, entre muitos outros motivos.

A GHF informou hoje que o grupo islamita palestiniano Hamas estava a bloquear o acesso aos pontos de entrega, causando atrasos na distribuição. No entanto, o governo do Hamas na Faixa de Gaza negou essas acusações, declarando-se "horrorizado" com elas e chamando-as de "invenção total".

Por sua vez, o exército israelita admitiu ter "disparado tiros de advertência na área externa do complexo" para dispersar a multidão e negou rumores de que tropas abriram fogo contra a população a partir de helicópteros, indicou a agência de notícias espanhola EFE.

A guerra na Faixa de Gaza começou após os ataques do grupo islamita Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023, nos quais morreram mais de 1.200 pessoas e cerca de outras 250 foram sequestradas.

Mais de 54 mil pessoas morreram e 123 mil palestinianos ficaram feridos na ofensiva lançada pelo Exército de Israel contra Gaza após os ataques do Hamas ao território israelita em outubro de 2023, disseram hoje as autoridades palestinianas.

As autoridades médicas declararam ainda que desde 18 de março, quando Israel abandonou o cessar-fogo acordado em janeiro com o Hamas e retomou a sua ofensiva, 3.901 pessoas foram mortas e outras 11.088 ficaram feridas pelos ataques israelitas.

No entanto, as autoridades palestinianas insistiram que ainda há corpos nos escombros dos edifícios atacados pelo exército israelita e espalhados pelas ruas, já que os serviços de emergência não conseguem chegar a algumas zonas porque estão ocupadas ou porque os locais são muito inseguras, podendo ser ainda maior o número de mortos na ofensiva israelita.

Leia Também: Conferência dos Oceanos da ONU espera 88,2 mil milhões em financiamento

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