Europa removeu 542 barreiras fluviais no ano passado, Portugal apenas uma

A remoção de 542 barreiras fluviais obsoletas religou mais de 2.900 quilómetros de rios na Europa em 2024, com a Finlândia a remover 138, a França 128, a Espanha 96 e Portugal uma.

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© Associação Natureza Portugal

Lusa
14/05/2025 23:18 ‧ há 3 horas por Lusa

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Segundo o relatório da coligação 'Dam Removal Europe' sobre o ano passado, foram removidas mais de 500 barreiras inúteis em vários rios, um novo recorde e um aumento de 11% em relação à marca anterior, estabelecida em 2023.

 

O valor, para o qual Portugal pouco contribui, representa também mais 400% em relação à primeira contagem feita na Europa, em 2020, quando 11 países removeram 101 barreiras fluviais.

No ano passado 23 países removeram barreiras, desde barragens a açudes, numa lista em que se destacam a Finlândia, França e Espanha, mas também a Suécia, o Reino Unido e a Bélgica.

O relatório destaca também que em 2024 quatro países desmantelaram barreiras nos rios pela primeira vez: Bósnia Herzegovina, que desmantelou nove, a Croácia, sete, a Turquia, duas e a República Checa, uma, tal como Portugal.

Portugal surge em último lugar no quadro dos 23 países, ao lado da Lituânia, que também removeu apenas uma barreira, e da República Checa, estreante.

Religar os rios ajuda a reforçar a resiliência climática, aumenta a segurança hídrica e alimenta e reverte a perda de natureza, diz a 'Dam Removal Europe', que se congratula com a dinâmica crescente de remoção de barreiras obsoletas.

"Mais um ano recorde põe em evidência o apoio crescente à remoção de barragens em toda a Europa, bem como a crescente compreensão, por parte das comunidades e dos governos, dos benefícios de reconectar e restaurar os nossos rios para as pessoas e a natureza", afirmou no comunicado que divulga o relatório Jelle de Jong, diretor-executivo do WWF-Países Baixos, uma das organizações que faz parte da 'Dam Removal Europe'.

De acordo com o relatório, mais de 1,2 milhões de barreiras, incluindo barragens, açudes e condutas, fragmentam os rios europeus.

Estas barreiras, dezenas de milhares das quais estão obsoletas, degradaram os cursos de água do continente, bloqueando o fluxo natural de água, sedimentos, nutrientes e espécies, alerta a organização.

E explica que assim é prejudicada a resiliência e os serviços dos ecossistemas, incluindo um declínio de 75% nas populações de peixes migratórios de água doce na Europa desde 1970.

No ano passado, exemplifica, foram removidas cinco barreiras ao longo de um troço de 11 quilómetros do rio Giovenco, em Itália, restabelecendo o seu caudal natural pela primeira vez em décadas. O rio reconectado poderá agora suportar peixes migratórios e outras espécies, e a dinâmica natural vai criar habitats mais saudáveis para insetos, aves e espécies como lontras. Além de reduzir a erosão e aumentar a resiliência a inundações.

No mesmo comunicado a coligação de seis organizações salienta também que a maioria das barreiras removidas eram condutas e açudes obsoletos, cujo desmantelamento é barato, e recorda que 2024 foi também o ano em que entrou em vigor o regulamento da União Europeia sobre o restauro da natureza, destacando um dos objetivos que é a meta de restaurar pelo menos 25.000 quilómetros de rios fragmentados, sem contar com o Desafio Mundial da Água Doce, ao qual a UE aderiu, que visa assegurar a recuperação de 300.000 quilómetros de rios degradados até 2030.

"Rios saudáveis e de curso livre são fundamentais para a adaptação à crise climática e para o aumento da biodiversidade, mas os rios da Europa são os mais fragmentados do mundo", disse também Jelle de Jong.

A 'Dam Removal Europe' é uma coligação que junta as organizações 'World Wildlife Fund', 'The Rivers Trust', 'The Nature Conservancy', 'European Rivers Network', 'Rewilding Europe' e 'Wetlands International Europe' e tem como ambição restaurar o estado de fluxo livre dos rios e ribeiros da Europa.

Leia Também: Ligações fluviais entre margens do Tejo com interrupções na quinta-feira

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