Sabe a diferença entre moção de confiança e moção de censura? Explicamos

Ao contrário da moção de censura, que só é aprovada com a maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, 116, uma moção de confiança apenas necessita de maioria simples, mais votos a favor do que contra. A rejeição de uma moção de confiança implica a demissão do Governo.

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
05/03/2025 17:25 ‧ ontem por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Moções

Portugal vive uma nova crise política e, nas últimas semanas, muito se tem falado sobre moções. Depois de duas moções de censura (chumbadas), o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que o Governo avançará com a proposta de uma moção de confiança ao Executivo pelo Parlamento. Mas quais são as diferenças?

 

três tipos de moções e todas elas são um instrumento político de fiscalização. 

Segundo a Assembleia da República, "a moção de censura traduz-se numa iniciativa parlamentar que, no âmbito do controlo político do Governo, visa reprovar a execução do programa do Governo ou a gestão de assunto de relevante interesse nacional".

Pode ser apresentada por "um quarto dos deputados em efetividade de funções ou por qualquer grupo parlamentar".

A sua aprovação, note-se, "requer maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções (116 votos) e implica a demissão do Governo".

Se "a moção de censura não for aprovada, os seus signatários não podem apresentar outra durante a mesma sessão legislativa". 

Já a moção de confiança "é uma iniciativa governamental dirigida à Assembleia da República solicitando a aprovação de um voto de confiança durante o debate do respetivo programa ou sobre uma declaração de política geral ou assunto de relevante interesse nacional".  A sua não aprovação "por maioria simples (maioria dos deputados presentes), implica a demissão do Governo".

"Nenhum preceito constitucional limita, na mesma sessão legislativa", o número de moções de confiança que o Governo pode solicitar ao Parlamento. 

Há também a moção de rejeição do Programa do Governo, "que constitui um direito exclusivo dos grupos parlamentares". A sua aprovação "requer uma maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções e provoca a demissão do Governo". 

Governo poderá ser o 2.º na democracia a cair após moção de confiança

O XXIV Governo, liderado por Luís Montenegro, poderá ser o segundo Executivo a cair na sequência da apresentação de uma moção de confiança, depois da queda do I Governo Constitucional, em 1977, dirigido pelo socialista Mário Soares.

Se o Governo solicitar à Assembleia da República a aprovação de um voto de confiança "sobre uma declaração de política geral ou sobre qualquer assunto relevante de interesse nacional", a discussão iniciar-se-á no terceiro dia parlamentar subsequente à apresentação ao Presidente da Assembleia da República do requerimento do voto de confiança.

Tal como acontece com as moções de censura, o debate não pode exceder três dias e é ponto único na ordem do dia. "A moção de confiança pode ser retirada, no todo ou em parte, pelo Governo até ao fim do debate", lê-se no Regimento.

Caso a moção de confiança seja chumbada, o Presidente da Assembleia da República comunica-o ao Presidente da República, uma vez que o artigo 195.º da Constituição, tal como já foi mencionado, estabelece que "a não aprovação de uma moção de confiança" implica a demissão do Executivo.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou hoje, durante o debate da moção de censura apresentada pelo PCP (que foi chumbada), a apresentação de uma moção de confiança ao Executivo, considerando que não ficou claro que os partidos tenham dado ao Governo condições para continuar.

"Avançaremos para a última oportunidade de o fazer que é a aprovação de um voto de confiança", afirmou Luís Montenegro, considerando que a realização de eleições poderão ser um "mal" necessário.

Governo vai apresentar moção de confiança

Governo vai apresentar moção de confiança

O primeiro-ministro anunciou hoje que o Governo avançará com a proposta de uma moção de confiança ao executivo pelo parlamento, "não tendo ficado claro" que os partidos dão ao executivo condições para continuar.

 Lusa | 15:40 - 05/03/2025

Em democracia, foram apresentadas pelo Governo ao Parlamento apenas 11 moções de confiança e o recurso a este instrumento tinha vindo a diminuir na história recente: os primeiros-ministros socialistas António Guterres, José Sócrates e António Costa não apresentaram nenhuma, enquanto os chefes de governos do PSD Durão Barroso, Pedro Santana Lopes e Pedro Passos Coelho usaram-na uma vez cada, tendo a última sido aprovada em 31 de julho de 2013.

PS e Chega já afirmaram por várias vezes que votariam contra uma eventual moção de confiança ao Executivo, o que deverá ditar o seu chumbo e a demissão do XXIV Governo Constitucional.

No sábado à noite, o primeiro-ministro tinha admitido avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se o Executivo "dispõe de condições para continuar a executar" o seu programa.

Luís Montenegro fez esta declaração após ter sido noticiado pelo semanário Expresso que a empresa Spinumviva - até sábado detida pela sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e filhos -, recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde, que representou como advogado antes de ser presidente do PSD.

[Notícia atualizada às 19h59]

Leia Também: Governo poderá ser o 2.º na democracia a cair após moção de confiança

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