A deputada do Bloco de Esquerda (BE), Joana Mortágua, vestiu uma t-shirt onde se lia 'lute como uma garota0 e subiu ao púlpito da Assembleia na República, durante a sessão solene para evocar os 50 anos da universalização do direito das mulheres ao voto, para discursar. Destacou, antes do discurso, as ausências do primeiro-ministro, Luís Montenegro, do Governo e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que lhe valeram muitos aplausos das bancadas.
"Não deixo de notar os ausentes: o primeiro-ministro, o Governo e o Presidente da República, que demonstram que, sendo solene, esta cerimónia é de uma solenidade menor do que outras cerimónias solenes que acontecem, tão frequentemente, na Assembleia da República", afirmou Joana Mortágua.
Lembrando que "querer ocupar-se dos assuntos coletivos era querer ser homem", a deputada recordou a luta das mulheres para conquistar o direito ao voto, em Portugal e na Europa, desde a primeira República ao 25 de Abril.
"Só em 1974 a Revolução de Abril reconheceu o sufrágio universal para as mulheres. Cada uma dessas lutas fez-se contra a estrutura de repressão do Estado Novo, da qual todas as desigualdades persistentes são tributárias. Não aceitamos que queiram impor retrocessos aos direitos das mulheres e oprimir a diversidade", defendeu a deputada do BE.
No final da intervenção, pediu para que se recorde sempre o número de recenseamento 2513 com que Carolina Beatriz Ângelo exerceu o direito de voto em Arroios, em 1991.
"O número do nosso maior crime será sempre aquele que nos faz avançar: a rebeldia. Submissas nos querem, rebeldes nos terão", rematou.
A Assembleia da República reúne-se esta sexta-feira em sessão solene para evocar os 50 anos da "universalização do direito das mulheres ao voto" em Portugal, proposta pelo Livre.
De acordo com o cerimonial divulgado, intervêm nesta sessão solene, que arrancou às 10h00, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e deputados dos nove partidos representados no hemiciclo: PSD, PS, Chega, IL, BE, PCP, Livre, CDS e PAN.
A Constituição de 1976 estabelece que "têm direito de sufrágio todos os cidadãos maiores de dezoito anos", sem distinções de sexo ou de outro tipo, direito que se mantém até hoje.
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