"Há um procedimento em curso, há de haver necessidade de prestar declarações do ponto de vista judicial e eu acho que é do interesse de todos que rapidamente se esclareça o que há para esclarecer", afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, em Lisboa, após uma reunião com a FENPROF.
Interrogado se estranha o 'timing' das notícias sobre este caso, em vésperas de eleições legislativas, Paulo Raimundo respondeu: "Não quero crer que tenha havido alguma gestão dos 'timings'".
"Se partir desse princípio, tínhamos aqui um problema: estávamos a colocar na gestão de alguém a gestão dos casos judiciais", referiu.
Sobre se concorda com as declarações do vice-presidente do PSD e ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, de que as denúncias anónimas alimentam o populismo, o secretário-geral do PCP disse que "ou se confia na Justiça, ou não se confia na Justiça".
"Eu acho que quem não tem telhados de vidros, só pode confiar na Justiça. Não é um bom princípio andarmos de denúncia anónima em denúncia anónima, mas, daquilo que conheço - e não sou jurista - uma denúncia anónima não é ilegal", frisou.
Paulo Raimundo acrescentou ainda que, tão inoportunas como eventuais denúncias anónimas, são as declarações de Miguel Pinto Luz sobre essa temática, que considerou não terem "interesse nenhum".
"O ministro das Infraestruturas tem tanta coisa para resolver, tanta promessa praticamente com zero efeito... Isso é que devia preocupar o ministro das Infraestruturas do que estar a alimentar [este caso]", criticou, salientando que, apesar de Pinto Luz ter dito que não pretende utilizar o caso em campanha, na prática está a alimentá-lo ao falar dele.
Questionado se teme que este caso possa contaminar a campanha eleitoral, Paulo Raimundo disse que vai procurar focar-se no que "importa na vida das pessoas", designadamente haver "falta de professores nas escolas", baixos salários e pensões ou dificuldades no acesso ao Serviço Nacional de Saúde.
"O que importa na vida das pessoas não é a declaração do ministro das Infraestruturas, com todo o respeito, nem é o caso do A, B ou C. O que interessa na vida das pessoas é como é que as pessoas resolvem os problemas de todos os dias", disse.
Sobre se irá procurar obter junto de Pedro Nuno Santos mais informações sobre este caso, Paulo Raimundo disse que o secretário-geral do PS tem de dar esclarecimentos às autoridades judiciais.
"Eu não preciso de mais explicação nenhuma. Não sou da Polícia Judiciária, nem do Ministério Público. O que eu preciso é de respostas para a vida das pessoas", disse.
Paulo Raimundo foi ainda interrogado sobre o arquivamento, pela Inspeção-Geral da Administração Interna, do inquérito à operação da PSP em dezembro na Rua do Benformoso, no Martim Moniz, em Lisboa, considerando que cumpriu todos os critérios legais.
O secretário-geral do PCP reiterou que considera que a operação em questão foi desproporcionada, mas disse que ou se "anda a comentar a abertura e encerramento de processos ou aquilo que é o processo de todos os dias na vida das pessoas".
"E eu quero dizer que me preocupa mais a instabilidade, a precariedade dos professores, as consequências disso na vida dos alunos (...) do que a abertura e encerramento de processos, sejam eles quais forem", frisou.
Esta quarta-feira, o MP abriu uma averiguação preventiva que visa o secretário-geral do PS pela aquisição de duas casas.
Pedro Nuno Santos disse não temer o escrutínio e disponibilizou-se para ser ouvido sobre este tema pelo MP, tendo publicado esta manhã, no 'site' de campanha do PS, documentação sobre a compra das duas casas.
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