João Lourenço, que discursava na cerimónia de cumprimentos de Ano Novo pelo corpo diplomático, referiu que considera um passo essencial o reforço da relação com todos os parceiros internacionais de África "para que se reponha justiça e se reforce a amizade e a solidariedade na relação entre a África e o mundo, principalmente entre a África e as potências colonizadoras".
O chefe de Estado angolano salientou que, animado pela confiança que a UA lhe depositou, o executivo angolano vai continuar a colocar toda a sua experiência ao serviço da paz em África e prosseguirá com todas as diligências possíveis para encontrar soluções viáveis para os conflitos que atingem o continente e "têm minado" o seu desenvolvimento económico.
"Como aquele que opõe a República Democrática do Congo [RDCongo] ao Ruanda [no qual foi mandatado como mediador pela UA], de maneira a pôr um fim definitivo aos ciclos recorrentes de instabilidade e violência que assolam aquela região", referiu.
Segundo João Lourenço, embora se verifique algum impasse nas discussões para se chegar a um acordo sobre o fim definitivo do conflito no leste da RDCongo, há esperança "de que, apesar dos últimos desenvolvimentos negativos à volta de Goma", se vai conseguir "ultrapassar as diferenças que ainda persistem e que acabará por se selar a paz definitiva entre a RDCongo e o Ruanda, encerrando assim mais um capítulo da história convulsiva de África".
"Temos esta mesma preocupação com o Sudão. Um dos graves acontecimentos que aí ocorrem obriga-nos a adotar uma postura de solidariedade, mais atuante e eficiente para com os cidadãos desse país que enfrentam uma situação humanitária altamente preocupante, níveis alarmantes de destruição de infraestruturas e um risco severo de insegurança alimentar", acrescentou.
Sobre a região do Sahel, "que atravessa um momento de retrocessos em termos de direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e de respeito das instituições do Estado democraticamente eleitas, por força dos golpes de Estado e do terrorismo", João Lourenço manifestou também grande preocupação, considerando que a situação requer de todos "um esforço coletivo para se debelarem os males que prevalecem, para que se regresse à ordem constitucional, à paz e segurança das comunidades e dos cidadãos".
"Estas questões que têm um forte impacto na paz e segurança do continente africano estarão no centro das nossas preocupações a partir do momento em que assumirmos a presidência 'pro tempore' da União Africana, em fevereiro do presente ano", expressou.
Em relação às ações desenvolvidas por Angola em 2024, o chefe de Estado angolano referiu que o ano de 2025 será encarado "com certo grau de confiança e determinação" para continuar "a trabalhar arduamente" e os objetivos se tornarem realidade.
"Temos a firme ambição de colocar a República de Angola na rota do desenvolvimento, cooperando com os países e instituições que representam, com os quais temos procurado manter encontros aos mais variados níveis, incluído aos níveis de chefes de Estado e de Governo", frisou, dirigindo-se aos diplomatas presentes.
De acordo com o Presidente angolano, com a melhoria do ambiente de negócios no país, "é cada vez mais crescente o número de investidores estrangeiros que têm aplicado em Angola os seus recursos financeiros, técnicos, tecnológicos e outros, com o objetivo de os capitalizar, criando assim importantes ativos na economia angolana".
"Sabemos todos que os resultados destas iniciativas levam algum tempo a produzir o seu impacto sobre o quotidiano das pessoas, mas estamos no caminho certo e os benefícios do intercâmbio que existe entre Angola e os seus parceiros internacionais começarão a fazer-se sentir paulatinamente de forma segura", vincou.
João Lourenço defendeu a preservação das instituições de governação global, considerando que "nenhuma associação de países constituída regionalmente ou sobre uma base qualquer deve pretender assumir ou substituir o papel que está reservado às Nações Unidas".
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