"Os Estados Unidos são nossos amigos, nossos aliados e nossos parceiros e também entre amigos podem surgir problemas e diferenças de opinião, [mas] quando isso acontece temos de os abordar, de falar e de encontrar soluções", disse António Costa.
Discursando no final da Conferência dos Embaixadores da UE sobre "A política externa europeia que dá resultados", em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu apontou que os blocos europeu e norte-americano "têm sido pilares da ordem baseada em regras, respeitando a soberania nacional, a integridade territorial, a estabilidade das fronteiras e a Carta das Nações Unidas".
"A União Europeia defenderá o respeito universal do Direito internacional e da ordem assente em regras em todo o lado", apontou, numa alusão às investidas do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a Gronelândia, um território autónomo gerido pela Dinamarca.
O encontro surgiu numa altura em que Donald Trump reivindica um maior acesso ao Ártico e manifesta interesse em adquirir a Gronelândia, possibilidade que os líderes da UE rejeitam.
O Presidente dos EUA também tem ameaçado aumentar as importações de bens do bloco europeu.
Após ter tomado posse no início de dezembro passado, o também antigo primeiro-ministro português disse nesta intervenção que, durante estes dois meses de mandato, tem vindo a manter "contactos estreitos com dirigentes de todo o mundo". Segundo fontes ouvidas pela Lusa, não está para já previsto um encontro bilateral com Donald Trump, segundo fontes ouvidas pela Lusa.
"Foram mais de 30 reuniões e chamadas para melhorar o nosso empenho e proteger os nossos interesses. A União Europeia pode tirar partido dos seus pontos fortes [porque] dispomos dos instrumentos e da vontade política, [mas] precisamos de adaptar as nossas abordagens" e "é por isso que as cimeiras deste ano são tão importantes", vincou António Costa, aludindo aos encontros de alto nível marcados para 2025,com a África do Sul, a Ásia Central, o Brasil, o Reino Unido e o Japão.
"Estamos também a trabalhar em possíveis cimeiras futuras, nomeadamente com a União Africana e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e das Caraíbas", referiu ainda o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado europeus.
As declarações surgem um dia após o primeiro retiro de líderes da UE, iniciativa criada por Costa para debates mais informais entre os chefes de Governo e de Estado europeus e dedicada desta vez à área da segurança e defesa.
Salientando que "a Europa da Defesa deve ser parte integrante do projeto de paz", António Costa disse que foi esse o resultado do retiro de segunda-feira, pois os líderes da UE "já não estão a discutir o 'se', mas 'o quê' e 'como'" reforçar e financiar o investimento em defesa.
Para meados de fevereiro, está prevista a apresentação do programa de trabalho da Comissão Europeia para 2025, bem como uma comunicação da instituição sobre o caminho a seguir para o próximo Quadro Financeiro Plurianual, enquanto em meados de março será publicado um Livro Branco sobre o Futuro da Defesa Europeia.
Cálculos da Comissão Europeia divulgados em junho passado revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.