Principal organização judaica chocada com subida da AfD na Alemanha

O presidente da principal organização judaica da Alemanha, Josef Schuster, manifestou-se chocado com o aumento de votos para o partido de extrema-direita e anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), nas eleições federais antecipadas realizadas hoje.

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© Boris Roessler/picture alliance via Getty Images

Lusa
23/02/2025 19:51 ‧ há 3 horas por Lusa

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Alemanha/Eleições

"Deve preocupar-nos a todos que um quinto dos eleitores alemães esteja a dar o seu voto a um partido que é, pelo menos em parte, de extrema-direita, que procura abertamente ligações linguísticas e ideológicas com o radicalismo de direita e o neonazismo, que joga com os medos das pessoas e só lhes oferece soluções ostensivas", disse o presidente do Conselho Central dos Judeus, Josef Schuster, ao jornal alemão Die Welt.

 

Durante a campanha eleitoral, esta organização denunciou o aumento dos ataques antissemitas na Alemanha, principalmente após o início do conflito em Gaza.

Durante a campanha eleitoral, o Conselho Geral dos Judeus apelou aos partidos para que defendam a vida judaica.

"É claro que estamos particularmente preocupados com o crescente antissemitismo desde 07 de outubro de 2023 e com a proteção da vida judaica na Alemanha. O antissemitismo de direita, de esquerda e muçulmano tornou-se um fenómeno quotidiano para muitos de nós", advertiu Josef Schuster, numa carta enviada aos membros das comunidades a propósito das eleições federais.

Na mensagem, o presidente do Conselho Central dos Judeus apelava ao voto, principalmente dos jovens -- "a democracia prospera no debate" -, enquanto adverte contra o crescimento dos extremismos.

"Uma coisa não deve ser esquecida: no geral, as forças extremistas na Alemanha ganharam popularidade e influência nos últimos anos. Há partidos que usam o discurso social para espalhar ideias racistas, antissemitas ou anti-Israel", lê-se na mensagem.

Schuster afirma ainda que "antissemitas da área extremista de direita e inimigos radicais de Israel e da Ucrânia do espetro de esquerda encontram um lar na AfD [Alternativa para a Alemanha] e na BSW [Aliança Sahra Wagenknecht]".

Estes partidos "rejeitam o discurso democrático e usam métodos populistas, exploram os medos e preocupações das pessoas e oferecem soluções supostamente simples para problemas complexos", acrescenta.

No entanto, alerta Josef Schuster, "não são soluções reais".

Cerca de 59,2 milhões de alemães foram hoje chamados às urnas para eleger os 630 deputados do Bundestag (câmara baixa do parlamento).

De acordo com as projeções, o bloco conservador, formado pela União Democrata-Cristã (CDU) e pela congénere bávara União Social-Cristã (CSU), venceu as eleições com cerca de 29% dos votos, seguido pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que quase duplicou a sua votação de 2021, para 19,5%.

O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler cessante Olaf Scholz, terá obtido cerca de 16%, enquanto os Verdes, parceiro de coligação, tiveram entre 12,4 e 13% dos votos. A Esquerda (Die Linke) terá alcançado cerca de 8,5%, acima dos 4,9% de 2012.

Segundo as projeções, os liberais do FDP, cuja saída da coligação liderada por Scholz, em novembro passado, precipitou a realização de eleições antecipadas -- estavam previstas para final de setembro -, e a esquerda populista Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) ficaram abaixo dos 5% necessários para entrar no parlamento.

Leia Também: Trump fala de "grande dia para a Alemanha" após vitória conservadora

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