"Desde o início da 'Operação Sindoor', a 07 de maio, até ao acordo sobre o fim dos combates e da ação militar, a 10 de maio, houve conversações entre os líderes indianos e norte-americanos sobre a evolução da situação militar. A questão do comércio não foi abordada em nenhuma dessas conversações", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Randhir Jaiswal, numa conferência de imprensa.
"Operação Sindoor" é o nome dado por Nova Deli a uma série de bombardeamentos do que assegurou serem bases terroristas no Paquistão, como retaliação por um atentado ocorrido a 22 de abril na Caxemira indiana que matou 26 turistas, a maioria dos quais indianos, e cuja responsabilidade foi imputada a Islamabad.
O porta-voz do Governo indiano contradisse as declarações emitidas na segunda-feira pelo chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, que numa conferência de imprensa na Casa Branca (presidência) afirmou que o comércio foi uma das principais razões pelas quais Nova Deli e Islamabad alcançaram um cessar-fogo no passado sábado.
"Eu disse-lhes: 'Vamos fazer muitas trocas comerciais convosco. Parem [os combates]. Se os pararem, faremos trocas [comerciais]. Se não os pararem, não faremos nenhuma'", disse Trump.
"E, de repente, eles disseram: 'Acho que vamos parar'", acrescentou.
Embora Trump assegure que a trégua foi alcançada com a mediação dos Estados Unidos, o que o Paquistão também afirmou, a Índia ainda não fez qualquer referência a Washington como parte ativa nas conversações que levaram ao cessar-fogo.
Segundo Nova Deli, foi o Paquistão que iniciou os contactos que conduziram à trégua que continua hoje em vigor.
O Paquistão, contudo, afirma que foi o país vizinho que o contactou primeiro.
A Índia e o Paquistão viveram nas últimas três semanas a sua pior escalada de conflito até agora no século XXI, envolvendo ataques aéreos e de 'drones' (aeronaves não-tripuladas) e fogo de artilharia, especialmente na disputada região de Caxemira.
A situação saldou-se, no sábado passado, com um acordo de cessar-fogo entre os dois países, que foi anunciado em primeira mão pelo próprio Trump.
Pelo menos 115 pessoas foram mortas durante a crise - incluindo os 26 turistas -, segundo um balanço elaborado pela agência de notícias espanhola EFE com informações das forças de segurança de ambas as partes.
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