Governo francês deve superar moções de censura da Esquerda

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, enfrenta na quarta-feira duas moções de censura da esquerda radical, após a aprovação dos orçamentos do Estado e da segurança social, que deverá ultrapassar, já que a extrema-direita não apoia as moções.

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Lusa
04/02/2025 17:01 ‧ há 4 horas por Lusa

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França

"A censura é a arma nuclear a nível institucional, que deve ser utilizada para proteger o país", afirmou o líder da União Nacional (RN, extrema-direita), Jordan Bardella, numa entrevista ao canal Europe1/Cnews, acrescentando que uma "nova forma de instabilidade" no país poderá "ter consequências mais duras para a economia".

 

O líder da extrema-direita acredita que "é uma escolha responsável" não apoiar a moção de censura, mas que a decisão será "tomada definitivamente amanhã", dado o seu desacordo com os orçamentos aprovados.

"É o dilema que todos os partidos políticos enfrentam atualmente: é melhor ter um mau orçamento ou não ter orçamento nenhum?", questionou Bardella, não excluindo a possibilidade da queda do Governo de Bayrou no futuro.

Os 140 deputados da RN, de Marine Le Pen, são considerados fundamentais na votação das moções de censura, pela fragmentação da Assembleia Nacional em três blocos (esquerda, centro-direita e extrema-direita) e após o Partido Socialista (PS) ter anunciado na segunda-feira que não ia aderir à moção de censura.

As duas moções de censura contra o centrista Bayrou apresentadas pelo partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), maioritário na coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), serão debatidas a partir das 15:30 horas de quarta-feira.

Em 04 de dezembro, em circunstâncias semelhantes, o anterior primeiro-ministro, o conservador Michel Barnier, utilizou o mesmo mecanismo constitucional que Bayrou - o artigo 49.3 - para adotar o orçamento do Estado sem a votação dos deputados da Assembleia Nacional, o que acabou por levar à queda do seu Governo com a união dos partidos de esquerda e da extrema-direita.

"Este governo ilegítimo deve cair", reagiu a LFI na rede social X, com o coordenador da LFI, Manuel Bompard, a denunciar "o pior orçamento dos últimos 20 anos".

"Não há benevolência para com este Governo, mas há um apego ao interesse geral, o do país, [para] dotar a França de um orçamento, para lhe permitir continuar a trabalhar", afirmou Olivier Faure, primeiro secretário do PS à France Inter, opondo-se à extrema-direita.

Sem o apoio do PS e da RN, as duas moções de censura da LFI não têm grande hipótese de ser aprovadas.

Porém, na próxima semana os socialistas devem apresentar uma moção de censura "espontânea", em reação aos comentários de François Bayrou sobre o "sentimento de submersão" dos migrantes no arquipélago de Mayotte, segundo o primeiro secretário do PS.

Para Olivier Faure, o objetivo é protestar contra "uma forma de 'trumpização' do debate público, em particular sob a influência de Bruno Retailleau (o ministro do Interior)", mas sem querer uma queda do Governo que possa levar a "ter um primeiro-ministro mais à direita" ou a "uma demissão do Chefe de Estado".

A França vive uma crise política e de instabilidade sem precedentes desde a dissolução da Assembleia Nacional, no início de junho, pelo Presidente Emmanuel Macron, na sequência da derrota do seu partido nas eleições europeias em que a extrema-direita saiu vencedora.

Desde as eleições legislativas, não houve maioria no Parlamento e houve três primeiros-ministros. François Bayrou, nomeado a 13 de dezembro, superou uma primeira moção de censura em 16 de janeiro, também devido à oposição da RN e do PS.

Embora tenha sido ativada uma "lei especial" para prolongar o orçamento de 2024 para além do final do ano, que permite garantir "a continuidade do Estado" e evitar a paralisia administrativa, o país continua sem orçamento para 2025.

Leia Também: Camionista português encontra corpo de migrante numa berma em França

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