Algumas decisões de Trump "têm repercussões flagrantes"

A política externa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai afetar todos os 10 conflitos mundiais mais graves identificados pela organização International Crisis Group (ICG) para marcarem 2025, afirmou hoje a diretora, Comfort Ero. 

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© Aaron Schwartz/Sipa/Bloomberg via Getty Images

Lusa
04/02/2025 21:31 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

ICG

muito claro para mim que o que une todos estes conflitos é que vai haver uma mudança definitiva na política dos EUA que terá impacto em vários dos conflitos que colocámos na nossa lista, por boas ou más razões", disse, durante um evento organizado pelo centro de estudos britânico Chatham House.

 

Para esta responsável, "há razões que nos levam a esperar algumas inovações e oportunidades, mas também já é claro, pelas últimas duas semanas e meia que vimos Trump no poder, que algumas das decisões que ele tomou têm repercussões flagrantes".

Por exemplo, o congelamento da ajuda internacional anunciado por Trump, paralisando a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), deverá afetar os conflitos no Sudão e Myanmar, algo que inicialmente não tinha previsto.

O ICG publicou em dezembro o relatório "10 Conflitos a Acompanhar em 2025", identificando a República Democrática do Congo, Sudão, Bangladesh, Coreia do Norte, Moldova, Ucrânia, Colômbia, Irão, Israel/Palestina e Síria como aqueles mais prementes. 

Apesar da incerteza, a diretora da organização não-governamental dedicada à resolução de conflitos reconhece que existem "oportunidades" e "uma expectativa de mudança", mas também "muita incerteza".

"Vemos que não vai ser igual, o que não é mau. Em alguns dos conflitos que estamos a analisar, há uma sensação de que estavam bloqueados e que precisamos de tentar algo diferente. A questão é se o que tentamos fazer de diferente conduz a mais caos, levando-nos na direção errada", avisou.

Ero afirmou que a ameaça de Washington de impor taxas aduaneiras adicionais sobre as importações de certos países e o interesse em obter o controlo da Gronelância, não excluindo o uso da força, torna o cenário geopolítico mais complexo. 

"A ideia de um presidente dos EUA afirmar a ideia de expansão territorial, minando assim um dos princípios fundamentais das relações internacionais, para a maioria dos aliados é uma terapia de choque", salientou.

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