Num comunicado divulgado nas suas redes sociais, a Universidade do Algarve informou que o reitor, Paulo Águas, tomou conhecimento de factos "que indiciavam a prática de comportamentos sexistas, atentatórios dos valores humanistas, igualitários e democráticos da instituição" numa das 'barraquinhas' instaladas no recinto da Semana Académica.
A UAlg salientou que foi determinada a abertura de um inquérito pelo reitor, para "investigar a existência de responsabilidade disciplinar por parte dos estudantes envolvidos na ocorrência", depois de o deputado social-democrata Cristóvão Norte ter denunciado a situação nas redes sociais.
O evento, que começou no dia 01 e se prolonga até sábado, é organizado pela Associação Académica da Universidade do Algarve e a referida barraca "estava decorada com mensagens de incentivo" a esse tipo de comportamentos, segundo a UAlg.
"De imediato, o reitor solicitou ao Sr. presidente da Direção-Geral da Associação Académica da UAlg, entidade responsável pela Comissão Organizadora da 38.ª edição da Semana Académica do Algarve, a sua intervenção no sentido de assegurar que a situação relatada cessava e a normalidade era reposta", indicou a universidade.
A Universidade assegurou que "não tolera, nem compactuará com comportamentos de estudantes ou de quaisquer outros membros da comunidade académica, que atentem contra a dignidade de todos os cidadãos, independentemente da sua ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual".
A situação foi denunciada por Cristóvão Norte, presidente do PSD do Algarve e candidato pelo círculo de Faro nas próximas eleições legislativas, que criticou "a linguagem de caserna e de mau gosto" utilizada na decoração da barraca e classificou o "desafio despudorado à exibição do corpo em troca de álcool" como "muito triste e revoltante".
Cristóvão Norte disse ter respeito pelos "estudantes da UAlg, a Semana Académica e até alguns excessos inofensivos", que reconheceu também ter cometido enquanto universitário, mas garantiu que respeita "sempre mais a mulher, o seu papel na sociedade", manifestando o seu "repúdio" pelo caso.
O dirigente político regional exigiu um "pedido de desculpas" dos responsáveis e a "retirada imediata dos elementos ofensivos".
A agência Lusa questionou o presidente da Associação Académica da UAlg, Rodrigo Carlos, sobre o assunto, e o dirigente académico disse já terem sido tomadas providências para que o material em causa seja retirado durante a tarde de hoje, como solicitado pela reitoria.
"Há sim algum material exposto que causa alguma sensibilidade a terceiros, a pessoas que frequentam o evento, e o que decidimos e acordámos com a reitoria é que esse tipo de conteúdo iria ser retirado por completo. E é assim que vamos proceder", afirmou.
Rodrigo Carlos lembrou que as "barracas de curso são tradicionais" na Semana Académica algarvia e até é feita uma "competição" entre cursos, que também utilizam a "crítica social e ironia", mas assegurou que a organização vai "trabalhar durante a tarde para retirar o conteúdo" considerado ofensivo.
Questionado pela Lusa sobre que curso estava a gerir a barraca em causa, o dirigente académico respondeu que era o de Engenharia Mecânica.
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