"Apesar de não querermos - e nós autarcas não queremos mesmo -, achamos que o país não precisa de estar sempre mergulhado em eleições. O que é certo é que, neste momento, parece-nos inevitável que haja o mais rapidamente eleições, no sentido também de garantir essa estabilidade que nós esperemos que a governação tenha", afirmou Pedro Pimpão à agência Lusa.
Na quarta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu eleições antecipadas em maio, depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter anunciado uma moção de confiança que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.
O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que "não foi avençado", nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.
"Estamos a viver um ciclo nos nossos territórios, em cada um dos nossos concelhos, de investimento público que é verdadeiramente transformador do nosso país e não tenho dúvidas nenhumas de que aquilo que os portugueses querem (...) é que haja estabilidade no Governo da nação", declarou o também presidente da Câmara de Pombal, no distrito de Leiria.
Assinalando, por outro lado, que o executivo, que tomou posse em abril de 2024, "demonstrou uma capacidade reformista que é assinalável", Pedro Pimpão apontou "um conjunto de iniciativas que foram desenvolvidas e que demoram também o seu tempo a serem concretizadas e a terem um reflexo positivo na vida das pessoas e no desenvolvimento" do país.
Nesse sentido, "a realização de eleições antecipadas não beneficia o país", sustentou.
"Mas também o facto de protelarmos ou querermos protelar este clima de suspeição e de dúvidas também não beneficiaria a própria governação", reconheceu.
O autarca social-democrata expressou ainda solidariedade e apoio incondicional ao primeiro-ministro, considerando que está a ser vítima de uma campanha difamatória e campanhas como esta colocam "em causa a honorabilidade das pessoas, o bom nome das pessoas".
"Isso torna-se muito perigoso quando estamos a assinalar 50 anos de democracia em Portugal e, em vez de nos centrarmos, efetivamente, sobre as matérias verdadeiramente importantes, estamos com manobras dilatórias e truques políticos que as pessoas não gostam", lamentou.
Pedro Pimpão, que foi deputado na Assembleia da República entre 2011 e 2019 (Luís Montenegro foi líder parlamentar do PSD entre 2011 e 2017), sustentou ainda que campanhas como esta podem afastar as pessoas da política.
"A leitura que fazemos, nós, autarcas, os eleitos, os representantes das pessoas, é que estas situações não abonam nada a favor de trazermos mais pessoas, e pessoas com interesse em ajudar as comunidades, para a vida pública", referiu.
Salientando que Luís Montenegro "coloca sempre o interesse público em primeiro lugar", o presidente dos ASD advertiu: "Se continuarmos com este tipo de campanhas difamatórias e a diminuir as pessoas que nos representam, independentemente dos partidos políticos, não estamos a fazer um bom serviço à democracia, pelo contrário, estamos a alimentar populismos e demagogias que não abonam nada em favor da nossa democracia".
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